terça-feira, 28 de agosto de 2007

Versões


Não lembro o que eu estava fazendo no dias 12, 13 e 14 de abril de 2002, mas tenho certeza que não estava assistindo jornal...

12/4/2002 - Oficiais militares OBRIGAM o presidente da Venezuela Hugo Chávez a renunciar (golpe de Estado), acusando-o pelas mortes durante as manifestações em Caracas. Pedro Carmona, presidente da Fedecámaras, é apontado como presidente interino do novo governo de transição.

13/4/2002 - Apoiado por militares simpatizantes de Chávez e indignados com a situação irregular imposta ao país, o vice de Chávez, Diosdado Cabello, assume a Presidência, força a renúncia de Carmona e diz que fica no poder até que Chávez reapareça para assumir suas funções ou renunciar oficialmente à Presidência.

14/4/2002 - Durante a madrugada, após dois dias “afastado” (sim, a palavra mais adequada seria seqüestrado), Hugo Chávez reassume o governo da Venezuela aclamado pela população.

Comentários da GRANDE MÍDIA na época (comemorando e pegando carona no golpe):

"'Num pedaço do mundo onde a democracia ainda é uma experiência recente, Hugo Chávez frustrou milhões de eleitores em seu país com promessas que não poderia cumprir. Que sirva de alerta aos brasileiros neste ano de eleição.”
Fernando Abrúcio (cientista político da Rede Globo, alertando contra a candidatura Lula) no Jornal Nacional

“O estilo mandão de Chávez prova que a era do populismo não funciona, e olhe que ele tinha um formidável caixa para distribuir, devido ao fato de a Venezuela ser um grande produtor de petróleo. Na verdade, Chávez prova uma lição que o restante da América do Sul aprendeu já há algum tempo: quem trata a democracia como ele tratou, desrespeitando instituições e preferindo mandar com a bota em vez de dialogar, não deve ficar espantado ao ser varrido do poder."
William Waack, no Jornal da Globo

"Eu ia dizer que a América Latina estava se 'rebananizando', com o Hugo Chávez no seu delírio fidelista, com a Colômbia misturando guerrilha e pó, abrindo a Amazônia para ações militares americanas e com a Argentina legitimando o preconceito de que latino não consegue se organizar. Os norte-americanos não conseguem nos achar sérios e democratas. É mais fácil nos rotular de incompetentes e ditatoriais. Mas aí, hoje, o Chávez caiu. Só que os militares entregaram o governo a um civil democrata. Talvez a América Latina tenha entendido que a idéia de romper com tudo, do autoritarismo machista, só dá em bananada. Temos que nos defender, sim, da atual arrogância imperial americana. Mas a única maneira será pela democracia radical. Por isso acho boa notícia a queda do Chávez. Acordamos mais fortes hoje e eu já posso 'desbananizar' a América Latina. Para termos respeito da América e do mundo temos de ser democráticos. Tendo moral pra dizer não".
Arnaldo Jabor (e sua bufonaria habitual) no Jornal Nacional

Algumas falas da MÍDIA ALTERNATIVA:

“Quer dizer que os militares haviam entregado o governo a um civil democrata? O empresário Pedro Carmona dissolveu o Congresso, destituiu todos os integrantes da Suprema Corte e ganhou mecanismos para dissolver os poderes constituídos em todos os níveis. Mas a desfaçatez do jornalismo global não tem limites. Em suma, nunca a Globo se mostrou tão venezuelana como naquela noite. Nunca interpretou tão bem seu papel de protagonista da globalização neoliberal na periferia. Poucas vezes foi tão explícita em esmagar a cidadania usando seu poder de mídia. O que nos resta, como democratas, ante a nova ofensiva midiática contra o presidente venezuelano? Juntarmo-nos aos que lutam por uma nova ordem informativa e prestar incondicional solidariedade a Hugo Chávez. Isso é o mínimo.”
Gilson Caroni Filho, na agência de notícias da América Latina, Adital

“Hugo Chávez, o homem que enfrentou as elites da Venezuela, sonhou com uma América Latina livre do domínio de Washington e trabalhou para unir os países produtores de petróleo, foi deposto e está preso num quartel. Seu governo foi liquidado pela adesão da maior parte das forças armadas a um apelo ao golpe, lançado pelos principais dirigentes empresariais. Pedro Carmona, líder da conspiração e presidente da federação empresarial mais poderosa (a Fedecamaras) foi feito ‘presidente’ esta manhã. Horas depois, dissolveu o Congresso e a Suprema Corte. Em todo o mundo, a mídia favorável ao neoliberalismo está procurando disfarçar a quartelada, preferindo falar numa ‘pressão irresistível da sociedade civil’ contra Chávez. O exame dos fatos não serve apenas para desautorizar esta versão e expor o descompromisso dos meios de comunicação com a democracia. Ele revela que jornais e cadeias de televisão foram os principais articuladores da trama contra o presidente eleito. A mídia atuou como pivô da quartelada e quer agora vender ao mundo a imagem de um ‘movimento cívico’ contra o presidente.”
Antonio Martins e Daniel Merli, no Centro de Mídia Independente

Não estou aqui para defender Hugo Chávez. A história vai muito além do que se lê, e quem sou eu para conhecer e compreender tudo. Mas estou aqui principalmente para defender algo muito valioso que escutei ontem:

JAMAIS SE CONTENTE COM UMA VERSÃO SÓ.

domingo, 12 de agosto de 2007

Sobre a ausência e o nosso lixo


Acho que o fluxo (nem tão) contínuo de postagens com dia previamente determinado foi quebrado aqui neste blog... Peço desculpas aos meus fiéis e assíduos leitores. Vocês devem estar decepcionados... Eu também estou.
Após longa espera eis que as aulas finalmente começaram. Mas isso não pode e não deve ser motivo de abandono das minhas antigas atividades (pelo menos não de todas!). Prometo que não largarei o Abrace o Mundo, que adoro! E que não largarei vocês, que adoro também! Só os dias de inspiração combinada com disponibilidade que devem dar uma variada agora.

Queria essa semana ensinar alguma alma interessada a fazer sabão com gordura usada, só que acabou que a experiência ainda não deu certo... O sabão não está endurecendo por nada (entendidos em química, ajudai-nos!). Mas sim, gordura usada causa um mal terrível à natureza e a gente vive colocando mais dela no mundo, e sim, ela pode ter um “fim” mais útil virando sabão! Assim que der certo falo como se faz caso alguém esteja curioso (e conclamo vocês a me ajudarem a juntar a gordura ao invés de jogar fora).

Também queria dizer que a pilha recarregável foi a invenção do século! Pode ser que só eu ainda não tenha dela em todos os tamanhos, mas como precaução, caso exista mais alguém, tenho que dizer que o investimento vale a pena e que a gente tem que fazê-lo urgente! Você vai poupar? Vai. Vai ser mais prático? Vai. Mas o mais importante, você vai parar de jogar pela janela aquele bando de material nocivo à natureza. O uso de uma única pilha recarregável trás benefícios equivalentes à reciclagem de milhares de pilhas comuns. Agora, se você tiver que se livrar de alguma dessas, lembre-se de não jogar simplesmente fora, no lixo. Os elementos químicos presentes na infeliz podem vazar e contaminar o solo, nascentes d’água... Procure o posto de reciclagem mais próximo da sua casa! Por aqui na minha terrinha canela verde sei que recolhem nossas pilhas usadas no Supermercado Carone e na Rocha’s Eletrônica (olha eu fazendo propaganda de graça... Tudo pela causa!).

Quer aproveitar e saber o que fazer com a venenosa lâmpada fluorescente? Enquanto ela está intacta não oferece nenhum risco, mas quando quebra... Ela libera seu conteúdo de vapor de mercúrio que pode até matar o sujeito, através da respiração ou simplesmente, herrr... Atravessando suas células mesmo! A solução seria a reciclagem também, mas aqui no Brasil aparentemente o serviço ainda é bem limitado... A empresa que trabalha com isso mais próxima dos capixabas fica em São Paulo. E como o transporte é meio complicado, ainda fica a questão: o que a gente faz com as benditas das lâmpadas? Cara, recomendam a gente a guardar a caixa da lâmpada, para que quando ela der pau guardemos lá de volta pra jogar fora, não se esquecendo de escrever pra tomarem cuidado porque ela está quebrada ali dentro. Mas, cuidados a parte, ela provavelmente vai parar no aterro sanitário mesmo... Segundo estimativas, atualmente 95% das cerca de 40 milhões de lâmpadas fluorescentes consumidas são depositadas em aterros, e esse mesmo aterramento das lâmpadas permite que o mercúrio se infiltre no solo, atinja mananciais e acabe com a cadeia alimentar humana. Putz! Que droga de economia que custa caro.