quarta-feira, 30 de maio de 2007

Sobre a placa e o que ela realmente implica (ERRATA)




Que falha a minha... No post anterior dei os créditos da obra citada à Prefeitura, mas na verdade o verdadeiro responsável é o Governo do Estado do Espírito Santo.

Fui lá hoje e tive a sorte de topar com um cidadão muito agradável que deu umas informações novas pra mim. Só sei que ele se chama Seu Antônio, mora no ponto final de Terra Vermelha e também achou a construção digna de alguma atenção. Me falou que o prefeito (Max Filho) não se entende muito bem com o governador (Paulo Hartung), que se dependesse do Max não sairia porcaria nenhuma, e que o mesmo vai acabar se aproveitando da situação no final falando que foi coisa dele... Pelo que me contou o esgoto será "encaminhado" um pouco mais pra baixo (estão construindo umas galerias) e em cima dele haverá uma pista. Valeu Seu Antônio! E valeu Seu Governador, já era tempo heim.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Sobre a placa e o que ela implica


“Pense globalmente e atue localmente.” Sábias palavras, John Lennon. Esse é o espírito, meus caros. Temos um exemplo bonito mesmo aqui pertinho (de mim, ao menos). Para a maioria das pessoas o episódio não representou absolutamente nada, mas cabe a cada um julgar.

Todos os dias voltando da escola dava de cara com aquela placa na saída do terminal: “A prefeitura deve as obras do valão tal há 1041 dias.” Tudo bem, isso nem pode ser colocado entre aspas. Mesmo passando por ela de vez em sempre admito que não lembro o nome do valão e nem o tanto de dias que a prefeitura devia a obra. Mas é inegável, a placa estava lá há anos. Difícil algum transeunte dos Transcols da vida não ter reparado nela uma vez que fosse. A contagem dos dias era atualizada eventualmente – os números eram só encaixados. Na falta do que fazer até me divertia anotando a contagem e a data, pra ver de quando em quando eles (seja lá quem eles fossem) trocavam os números e se o faziam certo. Pelos meus cálculos até atrasavam um pouco, sabe... E não quebravam as regras aumentando a quantidade de dias, como o povo desconfiado tem a mania de logo pensar. Nos últimos dias não tenho passado pelo terminal com a mesma freqüência, mas acontece que de uns tempos pra cá apareceram uns operários uniformizados lá do lado, no tal valão, e também umas faixas de isolamento... Eis que sem que eu me desse conta da ligação de uma coisa com a outra começaram as prometidas obras! Que coisa mais bonita! Seja lá quem for que estivesse atualizando as plaquinhas dos números por aqueles mil e cacetada dias, ele(a) conseguiu! E não é qualquer um que teria persistido tanto... Mas ele(a) persistiu, e enfim a prefeitura tomou coragem – ou vergonha na cara – para dar um jeito no valão. Quando chove aquela água ali sobe uma quantidade que só vendo. E não atinge só o povo das redondezas não, atrapalha a mim, a você e a qualquer um que precise se locomover na cidade, seja de ônibus, de carro, de bicicleta ou a pé.

Puxa, o pessoal responsável pela reivindicação deve estar muito orgulhoso. Pode não parecer nada de muito importante, mas eles mudaram muita coisa pra muita gente sim, e isso é louvável. Reclamar e xingar todos os antepassados do prefeito na hora em que Vila Velha fica debaixo d’água é muito fácil, todo mundo faz. Mas ir até o próprio ou ligar para a prefeitura cobrando uma ação concreta... Quase ninguém faz. O nível de facilidade é um pouco menor se comparado com o da outra atitude, mas temos que dizer que é 100% mais eficiente.

Como posso ter a cara de pau de dizer querer mudar o mundo e não ter força suficiente para separar o lixo reciclável na minha própria casa? Como posso ficar sonhando e fazendo planos de ir para a África salvar algumas criancinhas da fome se tem um moleque precisando dessa mesma ajuda bem ali na esquina de onde eu moro e não movo um dedo a respeito?

A solução é pensar globalmente e atuar localmente, meus caros. Uma amiga me alertou isso antes que eu tivesse a oportunidade de ler as palavras do John, e eles sempre estiveram certos. Nem venha me dizendo que eu não posso mudar o mundo não, porque eu posso! Nós podemos. Cada pequena coisa e cada pequeno gesto simplórios na aparência podem fazer toda a diferença. Acho que o mundo seria bem diferente se as pessoas não duvidassem disso.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Cacofonia da Comunicação

Li esse termo no “Manual da Redação”, uma pérola publicada pela Folha de São Paulo. Devo admitir ainda não ter passado nem da vigésima página, mas de cara o que mais me chamou a atenção foi a tal da cacofonia da comunicação.

Houve um tempo em que ter acesso à informação era um privilégio para poucos. Meu avô, a titulo de exemplo, quando comprou sua primeira televisão em cores acabou virando a grande sensação entre os vizinhos. Os tempos mudaram, e como. Hoje já não se reclama mais da falta de comunicação, mas sim do excesso inassimilável dela. A todo segundo são tantas opções de informação vindas de tantos lugares que você passa a acreditar (e temer) que as únicas maneiras de conseguir um descanso sejam se trancar num quarto vazio ou fugir para alguma ilha deserta no Pacífico.

Assim como não dá para ler nessa vida todos os livros que me interessei pelas livrarias e bibliotecas afora até hoje, também não dá para conferir todos os jornais que gostaria, nem todas as revistas, os programas, os sites ou os blogs. São incontáveis, e estão todos aí disputando a nossa atenção, o nosso precioso tempo... Até, digamos, ontem, isso me fazia sentir recuada, ofendida, soterrada.
“Quem eles pensam que são?!”
“Eu não quero saber sua opinião sobre a prisão do prefeito de Camaçari!”
“Mas que diabos esse sujeito tava querendo enfiando a câmera na cara do Russel Crowe assim?! Credo...”.
Em grande parte do tempo a mídia simplesmente me parece odiosa. O que me faz querer ser jornalista então? Aquela frase genial do Centro de Mídia Independente: “Odeia a mídia? Seja a mídia!”.

Mas voltando à cacofonia da comunicação... Contra todas as expectativas, enfim percebi que essa variedade toda não pode ser ruim. Pelo contrário. Com tantas fontes, tantas possibilidades, cada um pode escolher livremente segundo seus interesses e preferências o que buscar, em quê se aprofundar. É justo, e não sufocante afinal.

Este mês comemora-se o Dia das Comunicações Sociais. Admito ainda não saber exatamente quando foi isso, pois cada fonte diz uma coisa diferente (uma das desvantagens de todo mundo agora poder espalhar informações a torto e a direito... até eu). Aproveitando o embalo nessa semana está acontecendo um seminário muito, mas muito legal mesmo em alguns estados:
“A Constituição do Comum – Comunicação e Cultura na Cidade”. Capixabas, alegrem-se! Tem aqui também! Se eu fosse vocês daria uma conferida no site agora mesmo:



Ainda está em tempo de participar, a programação vai até sexta-feira. Nos vemos lá!

terça-feira, 15 de maio de 2007

Um minuto para poesia e conversas de além-túmulo


Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire.
...........................................................................

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Manoel Bandeira



O que você faria se soubesse que iria morrer dentro de um mês ou dois?
Ou pior: se soubesse que só teria tempo suficiente pra tocar um tango argentino?!

Sonhei com isso esses dias e fiquei me fazendo essa mesma pergunta...
Ainda não soube responder. É difícil imaginar o que é te dizerem que você vai morrer dentro de um tempo estrito, pré-determinado. Não consigo imaginar porque ninguém nunca me disse isso, nenhum médico, nenhuma voz do além, nada parecido.
Todos sabemos que vamos morrer um dia, afinal, "nada é certo nesse mundo, exceto a morte e os impostos", como diria Benjamin Franklin. A única coisa que sabemos é que realmente vamos bater as botas, mais cedo ou mais tarde...
Com essa idéia já estamos mais do que familiarizados, e um "mais cedo ou mais tarde" é bem melhor de se aceitar do que um "dentro de um mês ou dois". Por mais que este "mais cedo ou mais tarde" possa ser amanhã, nós sempre temos a esperança de que será um "mais tarde", e não um cedo demais.

Ainda com 18 anos, na flor da idade, o jovem Manoel Bandeira descobriu que era tuberculoso. Abandonou os estudos e começou a passar temporadas de cidade em cidade, naquelas de clima mais propício ao seu estado de saúde. Sua poesia tem início bem nesse momento em que sua vida mal saía da adolescência e já se via quebrada pela manifestação dessa doença, então fatal.

"Tive de parar os estudos por causa da doença. Não estudei cálculo infinitesimal ou integral e isso me impediu de ler muitas coisas, inclusive a teoria de Einstein. Nas horas de ócio da doença, não me apliquei ao estudo de grego e latim, iniciados no Colégio Pedro II. (...) E, naturalmente, sinto pelos amores frustrados por causa da doença".

Eis que o cara morreu com mais de 80 anos de idade.
A perspectica da morte esteve presente em sua vida inteira. "A vida inteira que podia ter sido e que não foi"... Um sentimento de vazio, de fatalidade, de fim terrível e inevitável. Pra quê, me diz, pra quê? Quantos amores frustados?...
A verdade é que a vida pode acabar amanhã tanto pra mim ou pra você quanto para um sujeito internado lá no hospital. Quem foi que te disse que as chances do sujeito partir são maiores que as suas?...

O que eu faria se soubesse que iria morrer dentro de um mês ou dois? Talvez tentaria realizar os meus sonhos... Cara, que resposta estúpida! Se sei que vou morrer um dia mesmo porque preciso que alguém me diga isso pra ir realizar meus sonhos?! A hora é essa, a vida é essa! Vamos realizar nossos sonhos então! Sem medo de ser feliz, sem medo de ser quem somos! Assim é que devia ser. Não me importo se soa como dicas de livro de auto-ajuda. Sejamos felizes a cada momento! O futuro é uma ilusão, a vida é feita de um monte de agoras. Não deixemos pra amanhã nem depois, sejamos felizes agora! Ihaaaaa!

terça-feira, 8 de maio de 2007

Labuta


Todo dia saio de casa e vejo milhares de pessoas de mochila, fichário e livros na mão. "Que legal", eu penso, "as pessoas estão estudando". Puxa, que legal mesmo, quanta gente está lutando pra cursar uma faculdade, pra concluir seu curso e conseguir um bom emprego. Quanta gente querendo um trabalho bom, na área que gosta, e que pague bem. Quanta gente sonhando poder comprar uma casa, um carro, um conforto...

Assustador. Essas pessoas estão por toda parte, igual formiga, e eu sou uma dessas pessoas!!! Realmente assustador. Conheço uns 10.000 sujeitos que querem ser juízes num futuro próximo. Será que existem 10.000 vagas para juízes? Nesse planeta?... Conheço mais uns 10.000 aspirantes a doutores, professores, jornalistas...
É triste saber que nem todos vão conseguir. É triste e é óbvio.

Assim como eu, você já deve ter escutado um bocado de vezes aquela velha história de que se for muito bom no que faz certamente conseguirá se tornar um profissional de sucesso, e blá blá blá. Tudo bem, não vou dizer que não concordo. Por mais caótico que esteja o mercado de trabalho, acredito que as chances estão lá para quem for bom (ou sortudo...) o suficiente para aproveitar. Mas nada tira o calafrio irrefreável de quando vejo aquele formigueiro de estudantes iguais a mim! Talvez só as palavras do compositor gaúcho Nei Lisboa (que há pouco tempo eu tratei de deixar anotadas num lugar bem visível pra me animar todas as manhãs)...

"Vivemos de paixão / E alguma grana."

Dinheiro é importante, emprego e carreira são importantes, mas não o mais importante afinal. Ufa...

terça-feira, 1 de maio de 2007

Com as próprias mãos

“Na sua frente, um humilde Veterano do Vaudeville, arremessado Vicariamente ao mesmo tempo como Vítima e Vilão pelas Vicissitudes do destino. Essa face, não uma mera aparência de Vaidade, é o Vestígio da Vox populi agora Vaga, desaparecida, uma Vez que a Voz Vital da Verosimilitude que era Venerada acha-se Vilipendiada. Entretanto, essa corajosa Visitação de uma opressão de eras passadas está reViVida e será conquistada por esse Venal, Virulento canalha Vanguardista deformado autotestemunho de Violentos Vícios e Violações Vorazes da Vontade. O único Veredito é Vingança, a Vendetta, contra aquilo que suprimiu a Vontade, não em Vão, porque o Valor e a Veracidade de algo semelhante um dia será reiVindicado pelos Vigilantes e Virtuosos. Realmente, este Vichyssoise da Verbosidade é extremamente loquaz diante de uma introdução, e assim é uma grande honra conhecê-la, pode me chamar V.”



Passei uns dias com esse complexo camarada chamado V. Li o quadrinho e assisti o filme de forma meio alucinada nessa semana que passou. Herói ou vilão? Terrorista ou justiceiro? Você pode julgar e responder com toda a certeza?


Quando o garotinho João Hélio foi arrastado e partido em pedaços pelas ruas do Rio de Janeiro eu, assim como milhões de outros pacíficos cidadãos, tive vontade de arrancar lenta e dolorosamente cada membro do sujeito demoníaco que fez tal crueldade com a criança de 6 anos. Ainda tenho essa vontade amarga aqui no fundo peito, mesmo sendo fã incondicional de Gandhi e sua revolução sem sangue (!). Minha tia fica assustada quando falo essas coisas, e acha que a culpa é de eu estar envolvida demais com essa história que tem "Vingança" no nome. Talvez eu esteja. Mas de coração quero acreditar que a história do V não se trata de vingança, e sim de justiça e liberdade, e sim de um ideal. Não confio na justiça do governo. Na verdade ele perdeu nossa confiança há tempos, ao que parece. Confio na justiça de Deus e sei que o cara que vai ser solto logo logo um dia terá o que merece, mesmo que não seja aqui nesse mundo. Porém, se o governo não faz, o povo acaba fazendo com as próprias mãos. Deus que me perdoe, mas tem dias que a gente está tão indignado que é impossível não achar bonito. Não se assuste tia, eu não vou explodir o parlamento. Pelo menos não por enquanto.