Acompanhando no Discovery Channel a história de Thomas Beatie, o primeiro homem grávido da história, fiquei também com uma pergunta que ele fez na cabeça. Thomas, que já havia sido Tracy um dia (daí contar com um útero para ter gerado o bebê), pergunta: “o que faz de um homem um homem? O pênis dele?”. Quer dizer que se o sujeito perder os genitais na guerra ele não será mais homem? Da mesma forma eu me pergunto o que faz de uma mulher uma mulher. Se for basicamente o corpo, hoje em dia isso não é mais um problema para a medicina, fato. Quando o mundo soube da gravidez de Thomas o que não faltou foi julgamento alheio. Houve quem se deu ao trabalho de procura-lo para falar “eu sou contra o aborto, mas estou torcendo para que você não tenha esse bebê, para que perca ele”. Que merda de hipócrita é esse que é contra o aborto mas torce pela morte do bebê dos outros? E por que motivo exatamente? Por ter sido gerado em circunstâncias incomuns? Qual a dificuldade em entender que Thomas um dia foi Tracy, e que quando fez a opção de mudar de sexo quis permanecer com seu útero e ovário para um dia ter a oportunidade de gerar um bebê, e que esse dia havia chegado quando a mulher amada com quem se casou não podia engravidar? Esse bebê não estava dentro de uma vaca! Estava dentro de um ser humano amável, gentil, responsável, feliz, com um útero! São circunstâncias novas sim, incomuns, mas onde está aí o motivo para desejar a morte desse bebê inocente, que foi gerado e está sendo criado com todo o amor dos pais, que tanto o desejaram? Teve gente ligando pra casa do casal para condenar eles ao fogo do inferno, dizendo que deviam se acertar com Deus e pedir perdão pela "abominação monstruosa" que fizeram. Onde está a abominação? Eu quero entender!... A abominação foi ter trocado de sexo? Ter tirado os seios e tomado testosterona? Foi casar com uma mulher? Então é isso que as pessoas com opções sexuais diferentes são, abominações?

Para começar eu morro de raiva de gente que acha ter alguma propriedade para condenar os outros ao inferno. E para terminar eu acho que o mundo está doente em perseguir, julgar e marginalizar as pessoas que têm uma orientação sexual diversa da que vemos como a “certa” e comum. “S’aimer n’est pas um crime”, se amar não é um crime! Como podem ser condenadas criminosas duas pessoas por se amarem, se respeitarem, cuidarem e se preocuparem uma com a outra? Sou contra a violência em todas - TODAS - as suas formas, a injustiça, a dor e o sofrimento que as pessoas são capazes de causar umas às outras (e causam), mas não sou e nunca serei contra o amor sincero, em sua forma pura, verdadeira, não corrompida pela doença do mundo – da humanidade.
Pois eu desejo que Thomas e sua família sejam muito, mas muito felizes, em paz, e que, independentemente do desfecho do programa ser armação ou não, Tila Tequila possa encontrar a pessoa certa - seja homem ou mulher, lhe dar uma chance no amor, e não tenha mais que se perguntar o que há de errado com ela.