terça-feira, 3 de março de 2009

De solidão e amizade (tentando não ser piegas)


Eu vejo os meus conhecidos passando nos ônibus, nos corredores e nas ruas. Alguns não me conhecem mais. Na verdade acho que nunca nos conhecemos. Relações tão superficiais que de tão superficiais se desgarraram da superfície e desapareceram no ar que venta, incessantemente. Quando passo por eles nos ônibus e na vida eles fingem que não me viram, enquanto eu finjo que não os vi. Uma sincronia perfeita. E ambos seguimos com nossa farsa, escapando da conversa sem jeito e sem assunto que já prevemos ter um com o outro, dos silêncios incômodos... Há dias em que tudo que queremos é sentar no banco e dormir, ou escutar uma música, ler nossa xerox, ou pensar na morte da bezerra. É o que eu quero quase todos os dias. Mas quando um amigo de verdade entra no nosso ônibus, aaah... A gente acena, chama, ultrapassa à força o mar humano que nos separa! Ou ao menos aguarda atento a oportunidade de ir até lá. É tão bom... Não há xerox importante que valha mais do que aqueles momentinhos com um amigo. Pode ser um amigo que você viu há poucas horas, ou que não vê há 10 anos, e pode ser também um amigo que você só viu pouco mais que três vezes na vida (eles existem, e como!). Quando o seu ponto ou o dele chega o assunto ainda está tão longe de acabar... Ou não. Mas você quer mais. É tão bonito... E tão raro.
Tenho medo de ter conhecidos demais e amigos de menos. Como diria o colega de curso (com quem nunca falei!) João Guerra, num No Entanto agora distante, “quero ter em quem me apoiar quando todo mundo perceber que a solidão é o fim de quem anda sozinho”. “Quem me acompanha?”, ele pergunta.
Eu =)

4 comentários:

Darshany L. disse...

que texto doce...
e sabe, tenho essa mesma sensação. a gente passa por tantos conhecido e fingimos que não vemos...

às vezes acho também que os conhecidos que não falamos são mais que os amigos verdadeiros (mesmo aqueles q vimos só 3 vezes, sim, também acho possível!). mas no fim das contas, a quantidade não importa. o que importa é que eles existam.
:)

te amo.

bernardo.vianna disse...

bonito sentimento!

Anônimo disse...

Oi, Letícia, voltei só pra dizer q gostei bastante do seu comentário. E sobre a questão de a Rádio Muda interferir nas comunicações do aeroporto de Viracopos, um amigo meu fala melhor sobre isso nesse link: http://aqueleabraco.wordpress.com/2009/02/20/a-marginalizacao-nos-meios-de-comunicacao/
Bjs,
Bernardo

João Guerra disse...

Velho, me emocionei bastante agora. Você havia comentado sobre esse post quando enfim falou comigo pela primeira vez, quando pediu pra eu assinar um exemplar do Quase 200. Só agora leio o bendito. Numa hora certa. Numa hora em que um futuro que se descortina na frente, cheio de possibilidades que até dá medo de sair de baixo da coberta, me mostra que preciso seguir agregando, sonhos, pessoas, pessoas de verdade. Quero que num futuro (alternativo ou não) possamos ser novamente uma equipe e que possamos nos apoiar quando a necessidade (necessária ou não) pedir. OBRIGADO!