quarta-feira, 25 de julho de 2007

A união faz a força

De fato, faz. Mas como é difícil unir forças neste país! Dá até tristeza quando nenhum projeto nosso vai pra frente, por mais legal que ele possa ser. Dá desânimo, até amargura.

A gente começou com um abaixo-assinado. Nossa região aqui do bairro tá violenta, pouco policiada, pouco iluminada, os pontos de ônibus ficam longe. Puxa, várias coisas aqui estão uma bosta, todo mundo tá sentindo na pele, todo mundo já foi assaltado, então obviamente todo mundo vai se mobilizar pra assinar o documento que pede providências ao prefeito! É, parecia tão óbvio no início... Mas a verdade não é bem essa. Depois do bendito abaixo-assinado redigido, dezenas de vezes modificado e finalmente dezenas de vezes fotocopiado, havia chegado a parte mais fácil: coletar as assinaturas. As melhorias solicitadas são do interesse de todos, simples e óbvio. A união faz a força...

Nem metade das folhas foram preenchidas (oba, papel pra desenhar), várias eu nem faço idéia de onde foram parar ou se tornarei a vê-las algum dia. O recado ficou em toda parte: Por favor, por favor, vá à portaria e colabore, sua participação é muito importante! Muita gente, mas muita gente mesmo, precisa que alguém vá bater em sua porta com o papel e a caneta na mão, além de um breve e claro resumo do que se trata o assunto, pois ninguém tem muito tempo a perder com esse tipo de coisa.

Pode ser que esse documento não venha a mudar nada, geralmente não dá em nada mesmo, mas o que custa tentar? Se queremos alguma coisa temos que começar por algum lugar! Não adianta ficar criticando tudo só pra eu mesma ou nos ouvidos do vizinho e praguejar toda vez que desço do ônibus de noite naquele ponto maldito. Não adianta. A reclamação educada e oficial pode até não dar uma solução a todos os nossos problemas, mas as chances de que adiante de alguma coisa são infinitamente maiores.


“Ah, eu não vou participar desse negócio, não vai prestar mesmo... A gente tem que ir pra sala do hôme falar na cara dele, tem que fazer uma barricada de pneus fechando a avenida e pôr fogo nela!”

Meu senhor, como a gente vai se organizar numa revolução se não consegue se organizar nem pra um abaixo-assinado?? Eu adorei a idéia da barricada, sou louca pra participar de uma coisa dessas, mas nós temos que estar organizados, e como é difícil!... Estamos vivendo em um mundo egoísta. Eu sou egoísta. Cada um está fechado em seu próprio mundinho particular. Até hoje não passei de porta em porta para coletar essas assinaturas suadas porque tenho meus próprios assuntos pra tratar e eles sempre acabam vindo em primeiro lugar, antes da “revolução”, porque ela dá trabalho! Não é só pintar a cara e sair sacudindo uma bandeira, ninguém estará me esperando lá fora com a cara pintada também se não houver todo um trabalho antes. Não é só pegar as sementes e as mudas e sair por aí plantando árvores, hoje em dia todo e qualquer metro quadrado tem dono e pra tudo você precisa da autorização de alguém, incluindo plantar uma árvore. Desde que eu nasci ouço dizer que é pra eu plantar uma árvore. Hoje ouço dizer que cada ser humano que vive cerca de 60 anos “gasta” do berço ao túmulo cerca de 300 árvores. 300! A burocracia e a propriedade privada nos impedem de plantar uma!!

O povo não sabe o poder que tem. Não sabemos mesmo. Al Gore, na sua “verdade inconveniente”, falou para que escrevêssemos ao Congresso. E falou que, se não nos ouvissem, concorrêssemos ao Congresso. Não dá pra jogar tudo nas mãos e nas costas do Governo. É impessoal demais. Quem faz é a gente de carne e osso.

A união faz a força, de fato. Difícil está unir forças aqui no bairro, e aqui no país.

6 comentários:

Unknown disse...

Há uma chance remota de que, com o advento do aquecimento global, a conjuntura se dê de tal forma que, no futuro, os oito últimos remanescentes da espécie, por serem poucos, justamente, cheguem a um consenso sobre o que é certo ou não, e, para fins lúdicos e comemorativos, dêem sete voltas dançando ao redor da ilhazinha, gritando úh-úh-úh, e, quem sabe, dividam até perna de cachorro, frita em raios violetas: última esperança de comida, mas nem por isso, a partir de então, cobiçada por um só.

R Lima disse...

As chances da união fazer a força nesse país minguam em escassez.

Somos por construção inconscientes e qdo somos não sabemos nos organizar...

A força pode esta conosco.. mas não a aproveitamos..

Triste e dolorosa realidade.



Tem pergunta para você lá no AveSSo... passa por lá.

Oportunidade ao bom pensar.

Se você deixasse de existir amanhã que falta faria ao mundo?


[ http://oavessodavida.blogspot.com/ ]

O AveSSo dA ViDa - um blog onde os relatos são fictícios e, por vezes, bem reais...

Diego Moretto disse...

Realmente, aqui no Brasil fazer uma mobilização com a ajuda de todos para ganhar em causa própria é ilusão. MINTO! De vez em quando acontece uma queima de pneus...alguem joga pedras nos congressos e por aí vai...
Aí é q está o erro. Temos muuita preguiça de se resolver os problemas que reclamamos sempre, mas não fazemos por onde, e se fazemos é de uma forma totalmente errônea. A única talvez digna de aplausos tenha sido o 1º protesto dos estudantes contra o aumento da passagem do Transcol, este sim, foi bom. Mas aí na segunda vez erraram feio...uma pena.

Bom, é isso. Tomara que fique tudo bom no seu bairro..to me mudando pra um q tbm não é muito seguro não, hehehe, J. da Penha...
Bom, bjão!!!!

Anônimo disse...

Se vc quiser
te ajudo a pegar assinaturas!
Gosto de andar mesmo
bj Lê

Anônimo disse...

posso dizer só 'vide comentário do andre'?

:* lê

Lábia na -7 disse...

"A união faz a força", barricadas de pneus flamejantes, recolhimento de assinaturas!!!!

Fácil, atropele algum muleke desavisado na principal avenida de seu bairro, quando a população burra e sedenta de vingan.. er, quer dizer, justiça, fizer as barricadas e se organizar para o ataque vc aparece lá com uns cartazes prontos e fica na frente pra dar a entrevista pras redes de televisão e pronto, tudo muito fácil e prático, graças à força do povo.

Se eles podem usar, não há motivos para nos contermos. A força do povo serve a quem melhor souber manipular esses animais.

Agir bem, e pelo melhores motivos é previlégio dos que tiveram pais perversos.