terça-feira, 29 de maio de 2007

Sobre a placa e o que ela implica


“Pense globalmente e atue localmente.” Sábias palavras, John Lennon. Esse é o espírito, meus caros. Temos um exemplo bonito mesmo aqui pertinho (de mim, ao menos). Para a maioria das pessoas o episódio não representou absolutamente nada, mas cabe a cada um julgar.

Todos os dias voltando da escola dava de cara com aquela placa na saída do terminal: “A prefeitura deve as obras do valão tal há 1041 dias.” Tudo bem, isso nem pode ser colocado entre aspas. Mesmo passando por ela de vez em sempre admito que não lembro o nome do valão e nem o tanto de dias que a prefeitura devia a obra. Mas é inegável, a placa estava lá há anos. Difícil algum transeunte dos Transcols da vida não ter reparado nela uma vez que fosse. A contagem dos dias era atualizada eventualmente – os números eram só encaixados. Na falta do que fazer até me divertia anotando a contagem e a data, pra ver de quando em quando eles (seja lá quem eles fossem) trocavam os números e se o faziam certo. Pelos meus cálculos até atrasavam um pouco, sabe... E não quebravam as regras aumentando a quantidade de dias, como o povo desconfiado tem a mania de logo pensar. Nos últimos dias não tenho passado pelo terminal com a mesma freqüência, mas acontece que de uns tempos pra cá apareceram uns operários uniformizados lá do lado, no tal valão, e também umas faixas de isolamento... Eis que sem que eu me desse conta da ligação de uma coisa com a outra começaram as prometidas obras! Que coisa mais bonita! Seja lá quem for que estivesse atualizando as plaquinhas dos números por aqueles mil e cacetada dias, ele(a) conseguiu! E não é qualquer um que teria persistido tanto... Mas ele(a) persistiu, e enfim a prefeitura tomou coragem – ou vergonha na cara – para dar um jeito no valão. Quando chove aquela água ali sobe uma quantidade que só vendo. E não atinge só o povo das redondezas não, atrapalha a mim, a você e a qualquer um que precise se locomover na cidade, seja de ônibus, de carro, de bicicleta ou a pé.

Puxa, o pessoal responsável pela reivindicação deve estar muito orgulhoso. Pode não parecer nada de muito importante, mas eles mudaram muita coisa pra muita gente sim, e isso é louvável. Reclamar e xingar todos os antepassados do prefeito na hora em que Vila Velha fica debaixo d’água é muito fácil, todo mundo faz. Mas ir até o próprio ou ligar para a prefeitura cobrando uma ação concreta... Quase ninguém faz. O nível de facilidade é um pouco menor se comparado com o da outra atitude, mas temos que dizer que é 100% mais eficiente.

Como posso ter a cara de pau de dizer querer mudar o mundo e não ter força suficiente para separar o lixo reciclável na minha própria casa? Como posso ficar sonhando e fazendo planos de ir para a África salvar algumas criancinhas da fome se tem um moleque precisando dessa mesma ajuda bem ali na esquina de onde eu moro e não movo um dedo a respeito?

A solução é pensar globalmente e atuar localmente, meus caros. Uma amiga me alertou isso antes que eu tivesse a oportunidade de ler as palavras do John, e eles sempre estiveram certos. Nem venha me dizendo que eu não posso mudar o mundo não, porque eu posso! Nós podemos. Cada pequena coisa e cada pequeno gesto simplórios na aparência podem fazer toda a diferença. Acho que o mundo seria bem diferente se as pessoas não duvidassem disso.

2 comentários:

Diego Moretto disse...

Acho que nem é questão de percepção.... o povo ainda é muito ignorante para se incomodar apenas um pouco para ver resultados no futuro. Esta "historia" de aquecimento global ainda é lenda para muitos. São pequenas coisas sim, que causam grandes mudanças..
Obrigado pelo comentário. O filme é muito show mesmo, e tbm confesso q fiquei meio perdido tbm, hehehehe. Mas vou ao cinema novamente. Bom, volte sempre, adoro seus comentarios. bjão!

Unknown disse...

Começaram as obras no valão?!
Cacildis (com o perdão de mussum)... aquilo tá lá há muito tempo, e nem reportagem em televisão, que, se não me engano, já fizeram, nem a placa milenar que até eu, que moro aqui, já tinha visto, tinham adiantado de nada... coisa engraçada, que do nada comecem a fazer a obra, sem nenhuma morte famosa ali perto, nem nenhuma epidemia (aparentemente) de cólera...
Tomara que o nosso querido hartung-cassetada-em-estudante termine a coisa, pelo menos, que jogue o esgoto no lugar certo, e que deus o ilumine na calva pra que ele não leve muito dinheiro junto.
Tomara também que, antes de eles taparem a vala, o carro do Max Filho quebre ali perto de noite, ele seja assaltado até ficar pelado, e caia no esgoto depois.

Mas, se isso não for possível, que ele pelo menos não use a obra em benefício próprio; amém.


nota: e eis que o blog se parece cada vez mais com um jornal...

=D