domingo, 23 de dezembro de 2007

Desligue o computador e vá...


Ler um livro:

- Harry Potter e as Relíquias da Morte, de J.K. Rowling – THE BEST!
- O Historiador, de Elizabeth Kostova – suspense até a última gota; será possível que o Drácula mítico tenha realmente existido?... E continuado vivo?!
- Sobre Histórias de Fadas, de J.R.R. Tolkien – Idéias do mestre
- As Viagens de Gulliver, de Swift – Uma viagem...
- Admirável mundo novo, de Aldous Huxley – Outra viagem. O melhor da ficção científica.
- O Cavaleiro Inexistente, de Ítalo Calvino – A lendária história de Agilulfo Emo Bertrandino dos Guildiverni e dos Altri de Corbentraz e Sura (!), o cavaleiro que... não existe!
- O Último Reino, de Bernard Cornwell – Livro 1 das Crônicas Saxônicas, para os apaixonados por romances medievais.
- Dragões do Crepúsculo do Outono, de Margaret Weis e Tracy Hickman – Livro 1 das Crônicas de Dragonlance, para os super apaixonados por fantasia medieval!
- O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson – Clássico da literatura de terror.
- Orgulho e Preconceito, de Jane Austen – História tão tão bonitinha!...

Ver um filme:

(Locadora)
- O Amor Não Tira Férias - ^^
- O Clã das Adagas Voadoras – Porque chineses voadores são encantadores.
- A Promessa – Mais chineses que voam.
- Memórias de uma Gueixa – Uma pintura.
- Sunshine, Alerta Solar – Para relembrar a boa e velha ficção científica.
- Blade Runner, o Caçador de Andróides – Versão remasterizada!
- Orgulho e Preconceito – Incansável.
- Moulin Rouge – "The greatest thing you'll ever learn is just to love, and be loved in return..." Incansável 2.
- Mais Estranho que a Ficção – “Essa é a história de um homem chamado Harold Crick e seu relógio de pulso”. Surpreendentemente bom! Will Ferrell no seu melhor.
- Com a Bola Toda – Para rolar de rir com o torneio de queimada de Ben Stiller.
- Paranóia – Suspense (parece legal).
- Mimzy, A Chave do Universo – Aventura (parece legal 2).
- A Voz do Coração (Les Choristes) – Porque o cinema francês é encantador!... A história de um coro de garotinhos, lindo demais.
- Tapete Vermelho – Porque o cinema brasileiro também é encantador. Matheus Nachtergaele numa jornada em busca de Mazzaropi.

(Cinema)
- A Bússola de Ouro – Primeira parte da trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman. ESTRÉIA: 25 de dezembro



Boas férias!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Um singelo adeus ao Manel

O vizinho da minha avó morreu e fiquei sabendo algumas horas atrás. Pode não parecer muita coisa, “o vizinho da minha avó”, pode até não parecer nada, mas era muita coisa sim. Da penúltima vez que o vi, sentadinho no bar de sempre, passei direto só com um aceno, mas me detive, repensando meio que involuntariamente e voltando alguns passos atrás pra falar com ele um pouco mais direito que isso. Ele estava com um curativo perto da barriga, falou que em breve ia receber o rim da irmã e tudo ia ficar bem. Falou pro meu namorado que eu era a menina mais especial de Vila Velha, não, do Espírito Santo todo, e falou que me considerava como se fosse uma filha sua. O olho dele ficou todo vermelho e cheio de água assim, com menos de um minuto de palavra.

Da última vez que o vi só acenei, dei um sorriso em alta velocidade e segui em frente, como fiz tantas vezes nessa vida. Ele ia operar amanhã, mas morreu hoje.

É nessas horas que a gente pensa... Eu deveria ter parado... Eu deveria ter “perdido” um minutinho do meu dia com ele... Foi o último e eu o perdi porque estava com pressa pra fazer alguma coisa que não lembro o que, e que não importa mais. Nós somos muito idiotas mesmo.

"Nessas eleições não vote em branco, vote em Manoel Preto!"

Meu voto vai pra você, Manel.
Até mais companheiro ^^

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Que se dane.


Num desses domingos o Fantástico anunciou os cientistas que negam o aquecimento global. Eles dizem que de anos em anos (e põe anos nisso) a Terra passa naturalmente por um processo de mudanças climáticas, seja pra mais frio ou mais quente, e que o homem não tem nada a ver com essa mudança que está acontecendo agora. Tá. A Terra passa por um processo de mudanças climáticas naturalmente sim. Mas nossas emissões absurdas de gás carbônico, nossa produção em massa de lixo - toneladas dele -, as florestas inteiras que queimamos e derrubamos, o tanto de porcaria nossa que jogamos na água, o tanto de água que nossa população global absurdamente crescida gasta... Nada disso faz a menor diferença para o mundo segundo os “céticos do aquecimento global”. Ótima notícia! Maravilhosa! Publiquem isso nas principais revistas, falem no Fantástico, no Jornal Nacional, divulguem! Todos irão adorar! Que beleza, quem diria, não precisamos mais economizar água, nem reduzir nossa produção de lixo, nem nos dar ao trabalho e incômodo de separar os que são recicláveis! Nada disso faz diferença nenhuma!... Viva!

Fico imaginando quantas pessoas adoraram ouvir isso. É bom né, não ser responsabilizado. Jogar a culpa pra outro lado que não o nosso. É um alívio. Não temos nada a ver com o aquecimento global!... Incrível. Era tudo que eu mais queria ouvir. Não vou precisar mais me preocupar com aquele bando de coisa que falavam pra eu me preocupar! Ufa, é um peso que sai das minhas costas...

Conheço várias pessoas (entre amigos e parentes) que sustentam o discurso: “Vai ficar quente mesmo, então que se dane”. Pra mim é isso que os “céticos do aquecimento global” espalham por aí, pela Rede Globo e outros meios decisivos mais. Dane-se. A culpa não é nossa. Vai esquentar mesmo e ninguém pode fazer nada a respeito. Polua, gaste, derrube, deixe pra lá. Quê isso, uma coisa dessas não iria acelerar absurdamente o processo natural do planeta!... Não, quê isso. Jamais...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

LEMBRAR!


Amigos deste blog!

Estava eu querendo saber se tinha perdido o dia limite para fazer o recadastramento do CPF, e adivinha, foi num blog que achei a informação necessária! rs

Em agradecimento vou passar pra frente! Se algum de vocês for esquecido como eu pode ser que não tenha feito ainda, ou que talvez nem tenha ficado sabendo que precisa fazer! Seria o meu caso se ninguém tivesse me avisado... Acho que nem é questão de ser total desligado não, só é burocracia demais pra um país só... Ainda não me acostumei.

Mas então, dá pra fazer de graça através do link abaixo (puxa, tá dando muito erro na página, mas é porque deve estar lotado de brasileiro fazendo em cima da hora, sabe como é, rs...):

http://www.receita.fazenda.gov.br/

Na página lá está dizendo que a Declaração Anual de Isento na verdade não é um recadastramento de CPF como falei lá em cima, e sim uma "obrigação anual", como o próprio nome indica. Tá né...
"Toda pessoa física inscrita no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), anualmente, ou está obrigada à entrega da Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda ou, por exclusão, à entrega da Declaração Anual de Isento."

Bom, então se você também não paga Imposto de Renda (aaaaaaaaah, malditos impostos!! cadê esse dinheiro??) lembre-se de fazer esse trem aí até o dia 30 de novembro, estourando!

Abraço a todos e boa sorte.

domingo, 4 de novembro de 2007

Kaká e Gilberto

Nos dias 18 e 19 de outubro matei aula para participar do 7º Seminário de Meio Ambiente, realizado pela Arcelor Mittal lá naquela área verdinha da CST - Companhia Siderúrgica Tubarão. Creio que valeu a pena. Não só pelos sanduíches liberados (apesar de estar uma delícia), mas principalmente pela fala de dois sujeitos muito inteligentes.


No primeiro dia começamos com uma palestra do índio Tapuia, escritor, professor, terapeuta tradicional da linhagem dos pajés, fundador do Instituto Arapoty... Kaká Werá! Ele é um índio como outro qualquer, só recebeu uns ensinamentosinhos do Dalai Lama em pessoa, um convite pra ir ali à Índia fazer parte da criação do Conselho Mundial de Preservação das Tradições Ancestrais... Dá umas palestras também na Inglaterra, Escócia, México, França... Coisa pouca. O cara leva consigo os valores indígenas para passá-los pra frente e não deixar que morram de vez. Reconhecimento da Terra como mãe, reconhecimento da ligação entre a mãe e seus filhos (o que acontece com um acontece com o outro), amor como sendo a essência da natureza, expressão e riqueza da natureza dada através da diversidade e honra das relações. Óbvio que alguém na platéia perguntou: “você não acha esses valores muito românticos não?...” Mas é claro que são românticos! Agora me diz: e qual o problema nisso? O ser humano tem emoções, o ser humano tem sentimentos. Por que negamos isso? Por que esses valores são bonitinhos demais pra gente? Por que rimos deles? Às vezes não consigo entender. Se os tomássemos para nossa vida tudo seria bem diferente. Mas, afinal, são românticos demais para nós!... hahaha. Vamos continuar vivendo a vida da nossa maneira. Está tudo indo tão bem, estamos vivendo em tanta harmonia com o planeta! Que coisa idiota de índio, onde já se viu...

No segundo dia a palestra que valeu mais do que todos os sabores de sanduíches disponíveis (hummm) foi a de Gilberto Dimenstein. Agora lá vão as suas atuais atividades (segundo ele está vivendo uma fase super tranqüila de sua vida): Trabalha na ONG Cidade Escola Aprendiz (que ele mesmo criou), é membro da Comissão Executiva do Pacto da Criança (da Unicef), atua como colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo, como comentarista da CBN – Central Brasileira de Notícias, como coordenador do site de jornalismo comunitário da Folha, escreve para a Folha Online às terças feiras, e algumas outras coisinhas mais. Super tranqüilo – prefiro não saber como foi sua fase agitada... O Gilberto acredita que o maior problema que o nosso país precisa resolver é o da Educação. Eu concordo bastante. Muita gente o xinga lá no site, mas as críticas fazem parte. Ele falou pra gente sobre um projeto incrível chamado Bairro Escola, que vem funcionando a 10 anos no bairro natal dele, Vila Madalena, em São Paulo. Trata-se de uma parceria entre instituições, empresas, espaços públicos, privados e unidades de ensino (particulares ou públicas também) existentes na comunidade para ressuscitar o ensino das escolas da rede municipal. Falando de uma vez só um dos saldos do projeto, depois desses 10 anos de aplicação hoje não existe mais um jovem analfabeto sequer na Vila Madalena (pelo menos é o que dizem os dados). Eles começaram pintando a frente da escola de um colorido louco com os alunos. Disse que os que mais se interessaram em ajudar foram os do fundão, aqueles que até eram considerados marginais mesmo. Depois foram reformando a escola por dentro, e o auditório que já tinha virado depósito de alguma porcaria qualquer voltou a ser um auditório. Na verdade mais que isso. Virou cinema e teatro ao mesmo tempo. Na verdade mais que isso! Na semana em que iam estrear o cinema, o Danny Glover (sim, o lendário negão de Máquina Mortífera) estava dando uma passadinha pelo Brasil e queria conhecer o projeto (ele é embaixador da Unicef, quando eu iria desconfiar!). Aí o Gilberto teve a idéia de chamar-lo pra ir lá ao colégio na hora do filme e, claro, pediu à diretora que exibissem “Máquina Mortífera”. Diz que a mulher falou: “Você endoidou de vez? Passar Máquina Mortífera pros alunos?!”. E ele: “Confia em mim... Passa esse.” No meio do filme tudo se apaga e os alunos enlouquecidos começam a gritar “caralho!” e “liga essa porra, seus filho da puta!”. Quando de repente os holofotes iluminam o amigo de Mel Gibson, enorme, saído diretamente do filme... Queixos caem. O meu caiu quando ele contou essa história. De arrepiar.



Eu acredito sim, Gilberto, que o maior problema que o nosso país precisa resolver é o da Educação, e que um monte de meninos sem perspectivas tiveram pela primeira vez vontade de freqüentar a escola a partir do sutil momento em que ajudaram a grafitar seu muro de entrada ou que viram o Danny Glover aparecer de surpresa no auditório que tempos atrás era só um depósito (tudo bem, já isso não foi tão sutil assim). Acredito que todos esses meninos podem ter um futuro bom e honesto. Tenho fé, prefiro ter, quero acreditar. Até nos do fundão da sala.

Acho que mais do que motivos ambientais a Arcelor tem motivos de “auto-limpeza de imagem” (não consegui achar a palavra certa) para promover esse seminário todos os anos - entre uma palestra e outra a gente escutava sobre suas ações para poluir menos o meio ambiente, como são esforçados e têm projetos, coisa e tal. Mas acho louvável mesmo assim, e fico extremamente agradecida pela oportunidade de ter escutado o índio e o jornalista. Como dizia Engels, “mais vale uma grama de ação do que uma tonelada de teoria”. Esses estão fazendo e inspirando os outros a fazerem também, e é isso o que mais vale a pena.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Aleatórias

Pedido oficial de desculpas aos leitores deste blog, pela frustração nas visitas e ausência de atualização:

Desculpa.


O amigo blogueiro Diego Moretto, meio mês atrás, me presenteou com o “Meme dos Códigos Literários”, que resume-se a abrir o livro mais próximo, ou seja, que estiver ao alcance da mão, abri-lo na página 161 e copiar a 5ª frase completa, publicando a mesma no seu próprio blog, criando por assim dizer, um clone (na forma) do post do desafiante.

Então aí vai:

"Atirei-me na carruagem que iria me transportar para longe, mal sabendo para onde ia, e sem prestar atenção no que se passava lá fora."

Livro: "Frankenstein", de Mary Shelley

Quer saber o que significa "meme"?
Eu também!
Antigamente tinha vergonha de perguntar, e agora tenho vergonha de nunca ter perguntado!... O encaro como uma espécie de corrente que acontece entre os blogs.
Essa, por exemplo, tenho que indicar para mais 5 pessoas - mas como boa quebradora de correntes que sempre fui passarei para apenas 2!

Garota do Casaco Verde
The Honey Fire

Abraço, novas blogueiras!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Eucalipto


Sento hoje para escrever com três materiais mui diversos em mãos: um caderno especial de A Gazeta, um panfleto da Brigada Indígena e a lembrança de tudo o que vi na semana louca de Feira do Verde e coisas mais. Começando pelo relato pessoal, domingo retrasado eu voltava de mais uma viagem a Bom Jesus do Itabapoana, que fica na divisa do Espírito Santo com o Rio de Janeiro. Na estrada só seca, seca, queimada. Espero que no verão chova direito, se não nem quero imaginar o que vai ser daquelas bandas. Em meio ao deserto de repente surgiu uma plantação verdinha de saltar aos olhos. Enquanto comentava “que maravilha, vida!” meu pai me deu a notícia: “isso aí é eucalipto”. Eucalipto. E lá se foi o meu encanto.

Nem todo mundo sabe o que o eucalipto faz na natureza. Na verdade muita gente mesmo não sabe. Indo para o caderno especial d’A Gazeta, uma pérola intitulada “Indústria Madeireira e Moveleira do Norte do Espírito Santo” que guardo desde 25 de novembro do ano passado, dou de cara na capa com as chamadas: “Saiba mais sobre as vantagens do eucalipto” e “Distribuição de mudas de eucalipto chega a 5 milhões em janeiro”. Meu Deus. E não pára por aí. É uma pontada no peito atrás da outra. “O eucalipto é uma das plantas mais úteis que já conhecemos e ainda tem muito a nos oferecer. Por todas as riquezas vindas da sua cultura, ele pode ser considerado uma verdadeira ‘árvore de negócios’”. “Técnicos do Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural aguardam a chegada de janeiro de 2007 para efetivar o cumprimento da meta de fornecimento de 5 milhões de mudas de eucalipto para os produtores rurais do Espírito Santo. O projeto faz parte do Programa de Extensão Florestal criado pela Secretaria de Estado da Agricultura. O objetivo é promover o reflorestamento de imóveis rurais, por meio do fornecimento gratuito de mudas de eucalipto”.

Janeiro de 2007 já foi. Eu ainda não tinha identificado eucaliptos no caminho para Bom Jesus, mas após ser alertada sobre a primeira leva passei a ver pelo resto da viagem (às vezes até onde não tinha). Eles chamam isso de reflorestamento. Está acontecendo. De onde você acha que o agricultor do interior do estado tirou as informações que ele tem sobre o eucalipto? É a “árvore de negócios” dele, “dela tudo se aproveita, tudo se transforma”. A verdade é que a versão do jornal é a mais conhecida. A questão do eucalipto é uma baita polêmica à qual muitos são alheios, incluindo vários proprietários que vêem na sua monocultura uma nova alternativa de renda. Eles não têm culpa.

Sim, acredito que essa expansão louca promovida pela Aracruz Celulose em conluio com o Governo do Estado causa um impacto fulminante no meio ambiente. Não sou especialista nem nada, mas acredito nas pesquisas que dizem o quanto a monocultura de eucalipto compromete a biodiversidade, arrasa a mata nativa, empobrece o solo e consome água em tamanha quantidade que pode afetar significativamente os recursos hídricos. Li numa reportagem do Globo Rural que “as raízes do eucalipto não têm como sugar a água do subsolo como se pensa comumente”, pois estudos realizados mostram que elas não chegam a descer mais de 2 metros em busca de nutrientes, enquanto o lençol freático mantém-se estável a uma profundidade que varia de 16 a 25 metros. Em contrapartida, li a fala da geógrafa e técnica da Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional) que diz que só no norte do Espírito Santo já secaram mais de 130 córregos depois que o eucalipto foi introduzido no estado.

Uma história, muitas faces; e eu fico mais confusa e longe de uma conclusão final. Os estudos que inocentam o eucalipto foram desenvolvidos pela própria Aracruz, em conjunto com universidades e organizações não-governamentais, e a fala sobre as raízes é do próprio agrônomo da Aracruz responsável pelas pesquisas. Aliado ao fato de estarem publicadas em veículos como Globo Online e A Gazeta, as defesas ao eucalipto me geram mais desconfiança que os ataques.

É imprescindível que continuemos pesquisando o assunto e que conscientizemos aquelas pessoas que ainda têm como verdade absoluta a Aracruz Celulose “fazendo um bonito papel” mundo afora. Acho que conhecendo mais estaremos mais próximos de realizar ações concretas e solucionar o problema. E que problemão.

A Feira do Verde acabou. Havia muitas empresas poluidoras lá exibindo stands hollywoodianos para impressionar as crianças. Em contrapartida (sempre há uma contrapartida!) havia muitos projetos maravilhosos também, de pessoas tão maravilhosas quanto. A Feira do Verde acabou. A luta não.

sábado, 15 de setembro de 2007

Um minuto para poesia capixaba

Caridade

Bateram à porta.
Era ela: a miséria.
Trazia nos braços um filho
e a fome nas faces encovadas.
Torturas de frio
nos membros da carne.
Nos olhos vazios,
os dias sem nada.

Dou-lhe leite
para o filho;
um prato de feijão
para a fome,
casaco de lã,
mangas raglã
que um dia foi chic.

E o Vazio?

Não posso minorar

os males do mundo.
Limitada
por mil razões,
convicções,
frases feitas.

Caridade existe? Não!
- Egoísmo, disfarçado num pedaço de pão.

Marilena Soneghet Bergmann

(Nas asas do vento)

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Versões


Não lembro o que eu estava fazendo no dias 12, 13 e 14 de abril de 2002, mas tenho certeza que não estava assistindo jornal...

12/4/2002 - Oficiais militares OBRIGAM o presidente da Venezuela Hugo Chávez a renunciar (golpe de Estado), acusando-o pelas mortes durante as manifestações em Caracas. Pedro Carmona, presidente da Fedecámaras, é apontado como presidente interino do novo governo de transição.

13/4/2002 - Apoiado por militares simpatizantes de Chávez e indignados com a situação irregular imposta ao país, o vice de Chávez, Diosdado Cabello, assume a Presidência, força a renúncia de Carmona e diz que fica no poder até que Chávez reapareça para assumir suas funções ou renunciar oficialmente à Presidência.

14/4/2002 - Durante a madrugada, após dois dias “afastado” (sim, a palavra mais adequada seria seqüestrado), Hugo Chávez reassume o governo da Venezuela aclamado pela população.

Comentários da GRANDE MÍDIA na época (comemorando e pegando carona no golpe):

"'Num pedaço do mundo onde a democracia ainda é uma experiência recente, Hugo Chávez frustrou milhões de eleitores em seu país com promessas que não poderia cumprir. Que sirva de alerta aos brasileiros neste ano de eleição.”
Fernando Abrúcio (cientista político da Rede Globo, alertando contra a candidatura Lula) no Jornal Nacional

“O estilo mandão de Chávez prova que a era do populismo não funciona, e olhe que ele tinha um formidável caixa para distribuir, devido ao fato de a Venezuela ser um grande produtor de petróleo. Na verdade, Chávez prova uma lição que o restante da América do Sul aprendeu já há algum tempo: quem trata a democracia como ele tratou, desrespeitando instituições e preferindo mandar com a bota em vez de dialogar, não deve ficar espantado ao ser varrido do poder."
William Waack, no Jornal da Globo

"Eu ia dizer que a América Latina estava se 'rebananizando', com o Hugo Chávez no seu delírio fidelista, com a Colômbia misturando guerrilha e pó, abrindo a Amazônia para ações militares americanas e com a Argentina legitimando o preconceito de que latino não consegue se organizar. Os norte-americanos não conseguem nos achar sérios e democratas. É mais fácil nos rotular de incompetentes e ditatoriais. Mas aí, hoje, o Chávez caiu. Só que os militares entregaram o governo a um civil democrata. Talvez a América Latina tenha entendido que a idéia de romper com tudo, do autoritarismo machista, só dá em bananada. Temos que nos defender, sim, da atual arrogância imperial americana. Mas a única maneira será pela democracia radical. Por isso acho boa notícia a queda do Chávez. Acordamos mais fortes hoje e eu já posso 'desbananizar' a América Latina. Para termos respeito da América e do mundo temos de ser democráticos. Tendo moral pra dizer não".
Arnaldo Jabor (e sua bufonaria habitual) no Jornal Nacional

Algumas falas da MÍDIA ALTERNATIVA:

“Quer dizer que os militares haviam entregado o governo a um civil democrata? O empresário Pedro Carmona dissolveu o Congresso, destituiu todos os integrantes da Suprema Corte e ganhou mecanismos para dissolver os poderes constituídos em todos os níveis. Mas a desfaçatez do jornalismo global não tem limites. Em suma, nunca a Globo se mostrou tão venezuelana como naquela noite. Nunca interpretou tão bem seu papel de protagonista da globalização neoliberal na periferia. Poucas vezes foi tão explícita em esmagar a cidadania usando seu poder de mídia. O que nos resta, como democratas, ante a nova ofensiva midiática contra o presidente venezuelano? Juntarmo-nos aos que lutam por uma nova ordem informativa e prestar incondicional solidariedade a Hugo Chávez. Isso é o mínimo.”
Gilson Caroni Filho, na agência de notícias da América Latina, Adital

“Hugo Chávez, o homem que enfrentou as elites da Venezuela, sonhou com uma América Latina livre do domínio de Washington e trabalhou para unir os países produtores de petróleo, foi deposto e está preso num quartel. Seu governo foi liquidado pela adesão da maior parte das forças armadas a um apelo ao golpe, lançado pelos principais dirigentes empresariais. Pedro Carmona, líder da conspiração e presidente da federação empresarial mais poderosa (a Fedecamaras) foi feito ‘presidente’ esta manhã. Horas depois, dissolveu o Congresso e a Suprema Corte. Em todo o mundo, a mídia favorável ao neoliberalismo está procurando disfarçar a quartelada, preferindo falar numa ‘pressão irresistível da sociedade civil’ contra Chávez. O exame dos fatos não serve apenas para desautorizar esta versão e expor o descompromisso dos meios de comunicação com a democracia. Ele revela que jornais e cadeias de televisão foram os principais articuladores da trama contra o presidente eleito. A mídia atuou como pivô da quartelada e quer agora vender ao mundo a imagem de um ‘movimento cívico’ contra o presidente.”
Antonio Martins e Daniel Merli, no Centro de Mídia Independente

Não estou aqui para defender Hugo Chávez. A história vai muito além do que se lê, e quem sou eu para conhecer e compreender tudo. Mas estou aqui principalmente para defender algo muito valioso que escutei ontem:

JAMAIS SE CONTENTE COM UMA VERSÃO SÓ.

domingo, 12 de agosto de 2007

Sobre a ausência e o nosso lixo


Acho que o fluxo (nem tão) contínuo de postagens com dia previamente determinado foi quebrado aqui neste blog... Peço desculpas aos meus fiéis e assíduos leitores. Vocês devem estar decepcionados... Eu também estou.
Após longa espera eis que as aulas finalmente começaram. Mas isso não pode e não deve ser motivo de abandono das minhas antigas atividades (pelo menos não de todas!). Prometo que não largarei o Abrace o Mundo, que adoro! E que não largarei vocês, que adoro também! Só os dias de inspiração combinada com disponibilidade que devem dar uma variada agora.

Queria essa semana ensinar alguma alma interessada a fazer sabão com gordura usada, só que acabou que a experiência ainda não deu certo... O sabão não está endurecendo por nada (entendidos em química, ajudai-nos!). Mas sim, gordura usada causa um mal terrível à natureza e a gente vive colocando mais dela no mundo, e sim, ela pode ter um “fim” mais útil virando sabão! Assim que der certo falo como se faz caso alguém esteja curioso (e conclamo vocês a me ajudarem a juntar a gordura ao invés de jogar fora).

Também queria dizer que a pilha recarregável foi a invenção do século! Pode ser que só eu ainda não tenha dela em todos os tamanhos, mas como precaução, caso exista mais alguém, tenho que dizer que o investimento vale a pena e que a gente tem que fazê-lo urgente! Você vai poupar? Vai. Vai ser mais prático? Vai. Mas o mais importante, você vai parar de jogar pela janela aquele bando de material nocivo à natureza. O uso de uma única pilha recarregável trás benefícios equivalentes à reciclagem de milhares de pilhas comuns. Agora, se você tiver que se livrar de alguma dessas, lembre-se de não jogar simplesmente fora, no lixo. Os elementos químicos presentes na infeliz podem vazar e contaminar o solo, nascentes d’água... Procure o posto de reciclagem mais próximo da sua casa! Por aqui na minha terrinha canela verde sei que recolhem nossas pilhas usadas no Supermercado Carone e na Rocha’s Eletrônica (olha eu fazendo propaganda de graça... Tudo pela causa!).

Quer aproveitar e saber o que fazer com a venenosa lâmpada fluorescente? Enquanto ela está intacta não oferece nenhum risco, mas quando quebra... Ela libera seu conteúdo de vapor de mercúrio que pode até matar o sujeito, através da respiração ou simplesmente, herrr... Atravessando suas células mesmo! A solução seria a reciclagem também, mas aqui no Brasil aparentemente o serviço ainda é bem limitado... A empresa que trabalha com isso mais próxima dos capixabas fica em São Paulo. E como o transporte é meio complicado, ainda fica a questão: o que a gente faz com as benditas das lâmpadas? Cara, recomendam a gente a guardar a caixa da lâmpada, para que quando ela der pau guardemos lá de volta pra jogar fora, não se esquecendo de escrever pra tomarem cuidado porque ela está quebrada ali dentro. Mas, cuidados a parte, ela provavelmente vai parar no aterro sanitário mesmo... Segundo estimativas, atualmente 95% das cerca de 40 milhões de lâmpadas fluorescentes consumidas são depositadas em aterros, e esse mesmo aterramento das lâmpadas permite que o mercúrio se infiltre no solo, atinja mananciais e acabe com a cadeia alimentar humana. Putz! Que droga de economia que custa caro.

terça-feira, 31 de julho de 2007

A LINHA DO CAOS

"Estamos encarando um século 21 de condições meteorológicas extremas."
Gordon Brown, primeiro-ministro britânico

Na ordem:












Fogo e inundações castigam a Europa

Fortes chuvas matam mais de 650 pessoas na China

Inundações matam ao menos 150 e desabrigam milhões na Ásia

“Nick Reeves, diretor executivo da Chartered Institution of Water and Environmental Management, afirmou à agência de notícias Reuters: ‘Eventos extremos como os que temos visto nas semanas recentes prenunciam o espectro da mudança climática, e seria irresponsável imaginar que não se tornarão mais freqüentes.’
Em contrapartida, o professor Alastair Borthwick, da Universidade de Oxford, declarou à mesma agência serem necessários mais dados, antes de afirmar que a mudança climática seja um fator nas inundações do Reino Unido.”

INACREDITÁVEL.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

A união faz a força

De fato, faz. Mas como é difícil unir forças neste país! Dá até tristeza quando nenhum projeto nosso vai pra frente, por mais legal que ele possa ser. Dá desânimo, até amargura.

A gente começou com um abaixo-assinado. Nossa região aqui do bairro tá violenta, pouco policiada, pouco iluminada, os pontos de ônibus ficam longe. Puxa, várias coisas aqui estão uma bosta, todo mundo tá sentindo na pele, todo mundo já foi assaltado, então obviamente todo mundo vai se mobilizar pra assinar o documento que pede providências ao prefeito! É, parecia tão óbvio no início... Mas a verdade não é bem essa. Depois do bendito abaixo-assinado redigido, dezenas de vezes modificado e finalmente dezenas de vezes fotocopiado, havia chegado a parte mais fácil: coletar as assinaturas. As melhorias solicitadas são do interesse de todos, simples e óbvio. A união faz a força...

Nem metade das folhas foram preenchidas (oba, papel pra desenhar), várias eu nem faço idéia de onde foram parar ou se tornarei a vê-las algum dia. O recado ficou em toda parte: Por favor, por favor, vá à portaria e colabore, sua participação é muito importante! Muita gente, mas muita gente mesmo, precisa que alguém vá bater em sua porta com o papel e a caneta na mão, além de um breve e claro resumo do que se trata o assunto, pois ninguém tem muito tempo a perder com esse tipo de coisa.

Pode ser que esse documento não venha a mudar nada, geralmente não dá em nada mesmo, mas o que custa tentar? Se queremos alguma coisa temos que começar por algum lugar! Não adianta ficar criticando tudo só pra eu mesma ou nos ouvidos do vizinho e praguejar toda vez que desço do ônibus de noite naquele ponto maldito. Não adianta. A reclamação educada e oficial pode até não dar uma solução a todos os nossos problemas, mas as chances de que adiante de alguma coisa são infinitamente maiores.


“Ah, eu não vou participar desse negócio, não vai prestar mesmo... A gente tem que ir pra sala do hôme falar na cara dele, tem que fazer uma barricada de pneus fechando a avenida e pôr fogo nela!”

Meu senhor, como a gente vai se organizar numa revolução se não consegue se organizar nem pra um abaixo-assinado?? Eu adorei a idéia da barricada, sou louca pra participar de uma coisa dessas, mas nós temos que estar organizados, e como é difícil!... Estamos vivendo em um mundo egoísta. Eu sou egoísta. Cada um está fechado em seu próprio mundinho particular. Até hoje não passei de porta em porta para coletar essas assinaturas suadas porque tenho meus próprios assuntos pra tratar e eles sempre acabam vindo em primeiro lugar, antes da “revolução”, porque ela dá trabalho! Não é só pintar a cara e sair sacudindo uma bandeira, ninguém estará me esperando lá fora com a cara pintada também se não houver todo um trabalho antes. Não é só pegar as sementes e as mudas e sair por aí plantando árvores, hoje em dia todo e qualquer metro quadrado tem dono e pra tudo você precisa da autorização de alguém, incluindo plantar uma árvore. Desde que eu nasci ouço dizer que é pra eu plantar uma árvore. Hoje ouço dizer que cada ser humano que vive cerca de 60 anos “gasta” do berço ao túmulo cerca de 300 árvores. 300! A burocracia e a propriedade privada nos impedem de plantar uma!!

O povo não sabe o poder que tem. Não sabemos mesmo. Al Gore, na sua “verdade inconveniente”, falou para que escrevêssemos ao Congresso. E falou que, se não nos ouvissem, concorrêssemos ao Congresso. Não dá pra jogar tudo nas mãos e nas costas do Governo. É impessoal demais. Quem faz é a gente de carne e osso.

A união faz a força, de fato. Difícil está unir forças aqui no bairro, e aqui no país.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Viagem

Este é um post diferente dos outros. Bom, nem tanto. Diferente por estar sendo escrito em circunstâncias totalmente novas de todas as circunstâncias de antes. Estou no ônibus a caminho de casa. Não neste exato momento em que você lê – vou ter que passar isso a limpo no computador mais tarde. Mas para esse meu eu nesse exato momento estou aqui. Como é curiosa a dimensão tempo!... Não é um “a caminho de casa” qualquer, é uma bela de uma viagem. Talvez eu esteja desperdiçando precioso tempo de cochilos e paisagens ao me ocupar dessa folha de papel. Talvez eu fique enjoada e vomite logo mais à frente. Mamãe sempre falou para nunca ler em viagens, mas ela não está aqui. Comecei a escrever justamente por causa da paisagem e, cá entre nós, porque me lembrei que hoje é terça-feira. Ai Jesus, sempre tenho medo das idéias se esgotarem e eu não ter nada pra falar na semana seguinte! Medo besta. Espero que não aconteça, afinal, só o fato de vivermos já nos dá algumas histórias pra contar – não que elas sejam necessariamente interessantes.

Tá. O que me chamou a atenção do lado de fora da janela foi a cor dos montes. “Montes”, soa poético. Falo daquelas colinas que você vê pela estrada com boizinhos pastando e tal. O fato onde quero chegar é que os montinhos verdes estão marrons. Marrons. Cor de palha seca, de grama tostada no sol. Em toda parte o mato parece crocante. Não estou imaginando, e nem acho que esteja dramatizando mais do que devia. Sinto que tem algo errado lá fora, algo muito errado. A gente está no inverno, né? Alguém sabe me dizer se isso significa alguma coisa? Era pra ser assim mesmo? No inverno talvez a natureza deva estar se recuperando do outono... Ou isso é na primavera? Acabo de passar por um morro digno do sertão nordestino, com direito a árvore retorcida e tudo (pelo menos essa é a imagem do sertão cravada na nossa cabeça).

Sabe qual o nosso problema? A gente nunca acha que vai chegar até nós. A sede, a seca do Nordeste, a fome da África, os 50 graus escaldantes que fizeram na Índia levando dessa pra melhor uma penca de gente. Achamos que nunca vai acontecer comigo ou com você ou com o vizinho de um de nós dois. Sim, aqui demora um pouco mais para sentirmos as conseqüências na pele. Um pouco mais. Enquanto só vemos pela TV não tem tanta importância, não faz lá muita diferença. Aí de repente um morro que era verde fica marrom debaixo do nosso nariz. Depois vários deles. Não nos preocupamos muito nem desperdiçamos atenção com coisa tão trivial. Pelo menos não até que um boi nosso morra.

Se quer saber tenho pena das crianças. Elas não têm culpa, e vai sobrar pra elas. “Vocês são o amanhã”, “o futuro está em suas mãos”... Quanta responsabilidade. Os guris acordam todos os dias escutando que o mundo vai acabar. Depois vão para a escola e lá estão os professores pra dizer que temos que fazer isso e aquilo senão, adivinha? O mundo vai acabar.

Mas é injusto dizer que é só isso que estou vendo na viagem. Não. Isso é o que mais me marca, isso é o que me dói. Estranho uma viagem doer. A moça da poltrona ao lado estava em um sono tão tranqüilo momentos atrás... Agora apenas escuta música enquanto olha pela janela. Nunca saberei o que está pensando. Eu aqui fazendo teorias sobre grama, crianças e fim do mundo. Uma coisa incrível que vi também momentos atrás foi um rio. Um rio lindo, longo, que não acabava! Um rio que nunca havia visto, mesmo tendo feito esse mesmo percurso milhares e milhares de vezes! Talvez porque ele sempre esteve além do mato e nunca deu para enxergar da altura do carro. Mas talvez eu jamais o tenha percebido na minha distração e falta de interesse. Deixamos várias coisas incríveis passarem despercebidas o tempo todo. Agora mesmo a moça da poltrona ao lado me deu biscoito passatempo e ensaiou uma conversa, até descobri o que ela pensava: vontade de chegar logo!... E eu aqui tão entretida em escrever que ela achou melhor voltar a dormir para não me atrapalhar.

Conclusão: Devia dar mais ouvidos à minha mãe. Êita vontade de vomitar...

post-scriptum: Antes do fim da viagem eu e a moça nos tornamos amigas de infância.

terça-feira, 10 de julho de 2007

"Existe competição entre blogueiros?"

Sim, existe, e daquelas competições selvagens!
Tudo bem, talvez eu esteja exagerando um pouco... Mas aí vai a história.
Já tive um blog há muito tempo atrás, larguei de mão há muito tempo também e o coitado nem existe mais. Na época, uma vez ou outra e na hora que bem quisesse, me ocupava em escrever o que desse na telha e não estava lá muito preocupada em saber quem leria, ou se alguém leria. Depois fiz um fotolog e fui conhecendo a lei do "comenta no meu que eu comento no seu", “me adiciona que eu te adiciono”, e aí por diante. A lei está implícita, ninguém falou que tinha que ser assim, mas a verdade é que é assim mesmo! Não dá pra fingir que não sabemos disso. Um belo dia acordei com a expectativa de fazer um blog mais uma vez. A consciência de que não estava fazendo nada a respeito do meu futuro bateu do nada como uma castanha na minha cabeça. Bom, se é pra eu passar o resto da minha vida vivendo de escrever é bom começar por algum lugar, né! Fiz o blog e só Deus sabe por que me decidi que atualizaria toda terça feira. Os mais observadores já devem ter percebido que oscilo entre a terça e a quarta, mas não vem ao caso. Pensei que o ambiente aqui no blog fosse completamente diferente do fotolog, mas não é bem assim. Em ambos os lugares tem gente tentando mostrar suas idéias, falar alguma coisa ou só fazer com que os outros visualizem mesmo. Em ambos os lugares tem gente com propósitos e gente sem propósito algum. Tem gente tentando deixar sua marca de alguma forma ou só querendo se divertir pura e simplesmente. É normal, é mais que normal que quem tem o trabalho de escrever ou elaborar algo legal queira que os outros vejam, que os outros participem daquilo. E é óbvio que pra coisa toda funcionar direito tem que ser mútua, não pode só ir, tem que ir e vir. De que adianta eu escrever sem parar, melhorar meu blog ou seja lá o que eu estiver elaborando se não dou a mesma importância em ler e conhecer o do outro? A informação não pode só ir, tem que ir e vir. É como uma rede, é como todo o resto que acontece na internet. Existe competição entre blogueiros? Existe sim. A gente sempre quer fazer o melhor, e por mais que negue a gente no final das contas quer visitas e comentários sim (pelo menos eu quero). Mas a competição não é tudo, e creio que não é tão selvagem como falei lá em cima - pelo menos não mais selvagem do que todas as competições que vemos aí! Acima da luta onde impera o “que vença o melhor” está algo muito mais valioso e importante. Desde que comecei isso aqui não saí fazendo adversários, muito pelo contrário. Sem querer saí fazendo companheiros. A cada dia conheço mais e mais pessoas incríveis e aprendo muita coisa com elas. A vida é assim. A internet é assim. O blog, o jornalismo. Há uma competição ferrenha, mas há camaradagem. Mas há um crescimento contínuo dentro da gente, e é isso o que deveria importar.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Tomates pra você

Um olá para os leitores desse blog!

Venho aqui compartilhar com vocês que o Abrace o Mundo levou duas nomeações inusitadas nos últimos dias. Meu amigo blogueiro Diego Moretto e a equipe d’O Meio Ambiente o indicaram para o Prêmio “BLOG COM TOMATES”. Segundo a autora da iniciativa, blogs com tomates são aqueles que lutam pelos direitos fundamentais dos seres humanos. Não é pra menos que fiquei feliz pacas por alguém ter pensado nesse aqui! Obrigada mais uma vez pela força!
Agora cabe a mim nomear mais cinco blogs para o prêmio, então aí vão alguns que na minha opinião com certeza se encontram na luta por um mundo melhor:

1. Africanidades: “Este blog pretende ser uma humilde contribuição para a desmistificação da imagem existente no ocidente acerca da África. Este não é o continente apenas da fome, da miséria, da desgraça. É muito mais que isso. E é exatamente alterar esta imagem que eu pretendo. Ou melhor, ajudar a alterá-la. De uma forma muito humilde e despretensiosa.” Melhor descrição não há. Palavras do próprio autor, um português que muito viajou pelo grande continente e que tem um bocado de coisas pra contar - e ensinar.

2. O Meio Ambiente: “Você tem interesse pelas causas ambientais?” Levando em consideração que na luta pra salvar esse mundo direitos humanos e questões ambientais estão intrinsecamente ligados, impossível esquecer desse blog cheio de conteúdo que nos convida a discutir o assunto. É da conscientização que nasce a ação.

3. Diego Moretto: Um blog diversificado e rico em ótimos textos, escrito por alguém acima de tudo inteligente, crítico e muito bem informado. Não só nos coloca em contato com os mais variados acontecimentos como também nos leva a refletir e sempre propõe soluções para as perrengues da nossa sociedade. Como já dizia minha prima, reclamar todo mundo sabe, mas propor soluções, que é o que verdadeiramente vale de alguma coisa, pouca gente faz.

4. Blog do Professor Marco Antônio: Um espaço muito bem planejado, cheio de informações mais que atuais e relevantes sobre o país e o mundo sem as quais não podemos passar.

5. Laboratório de Geografia: Se é pra falar de direitos fundamentais dos seres humanos difícil deixa-lo de fora dessa lista. Blog genial, um verdadeiro laboratório de humanidade.

Então é isso. Vale a pena conferir.
Grande abraço a todos!

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Como descobri que havia me tornado uma ambientalista


Oito horas da manhã. Acordo e enrolo pra levantar. Barulho de obra. Barulho infernal de obra. Levanto. Olho pela janela. A visão me arranca as primeiras palavras do dia. Palavras incomuns, devo dizer. E gritadas.

“CARAAAAALHO, MERMÃO!”

Minha mãe se assusta. Pergunta o que é que eu tenho. “Nada”, respondo. “Só dor de ambientalista”... Havia um monte de árvores enormes num terreno aqui em frente da janela. Tão altas. Tão verdes. Quando acordei, elas estavam todas no chão. Todas. Não sobrou nada. Nada. Com certeza vão construir algum prédio quadrado ali. Definitivamente não gosto de prédios quadrados. Morei neles a vida toda, mas não gosto. Não suporto mais os ver subindo, e eles não param de subir. Barulho de obra. Barulho infernal de obra. As raízes das árvores estão todas pra fora. Lá se vai um bocado de vida que levou tanto tempo pra ficar tão alta e tão verde. Fico vermelha, com o olho cheio d’água. Raiva. Muita raiva. Às vezes sem perceber algo muda dentro da gente. No geral nem pensamos no assunto, mas inevitavelmente está lá. Será que acabei me tornando uma ambientalista? Será?... Percebi que não tem essa palavra no dicionário. O que faz de alguém um ambientalista afinal? O que é preciso? Eu posso?...

“Existe uma imagem deturpada do que é ser ambientalista. Diferente do que pensam, o ambientalista não é só o ativista: aquele que nada com golfinhos, faz parte de uma ONG, se coloca à frente da serra elétrica na Amazônia. Ser ambientalista no cenário atual é praticar pequenos e significativos gestos, mudar hábitos de consumo. Parece clichê, mas não é. Ambientalista é aquele que não joga lixo na rua, que recicla seu lixo doméstico, economiza água, consome energia de forma consciente e apóia as empresas que são ecologicamente responsáveis, preferindo suas marcas na hora da compra. Enfim, para ser ambientalista, não é necessário ser um especialista em natureza. Os maiores desafios ambientais estão nos grandes centros urbanos e, portanto, nas mãos das pessoas comuns.”

Tá. Ricardo Trípoli explica sob seu ponto de vista. Ele é deputado federal (PSDB-SP), ambientalista, advogado e vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados (êita).

Ambientalista. Vou gostar disso (e vou tentar xingar menos).

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Preás 1 x 0 Petrobrás

“Preás atrasam obras da sede da Petrobrás”. Eis a chamada na primeira página da A Gazeta de sábado (16 de junho de 2007) que me atraiu a atenção. A entidade terá sua nova sede em um terreno na Reta da Penha, onde hoje há uma mata. A planta é linda, os prédios são moderníssimos, e além do mais abrigarão 1.500 funcionários que hoje trabalham em vários locais diferentes da Capital, Vitória. Mas nada nesse mundo consegue tirar a mata e os preás da minha cabeça. Os bichinhos são animais silvestres cujo maior pecado foi viver justamente na mata onde a Petrobrás está afim de construir seus lindos prédios. Isso se chama progresso. São acusados de atrasar as obras porque não tem ninguém disponível para tirá-los do local. O IBAMA está em greve há mais de um mês e a Polícia Ambiental se recusa a fazer um trabalho que diz não ser dela.

O caso me fez lembrar de um comentário que fiz esses dias com um amigo. Estávamos caminhando na praia e passando na frente de uma espécie de acampamento para jovens adventistas (tudo bem que isso não importa). No portão de entrada do terreno murado uma placa dizia em letras garrafais: “PROIBIDA A ENTRADA DE ANIMAIS”. Olhei toda a natureza em volta e os bizarros muros e portões construídos pelas mãos do homem. Acabei comentando em voz alta algo como: “Que prepotência a nossa, né? A gente vem, corta as árvores, destrói a grama, expulsa todos os seres que antes de nós viviam ali, constrói nossas bizarrices e depois ainda por cima os proíbe de entrarem no lugar. Quem a gente pensa que é pra nos acharmos mais donos disso aqui do que eles? Proibida a entrada de animais, ham...”.

O problema é que o ser humano se acha o dono do mundo. Se acha o bicho mais importante dentre tantos, dentre todos. Acha os seus assuntos mais relevantes e urgentes. De que importa a moradia dos preás? Estamos falando da magnífica sede da Petrobrás no Estado! Oh! Isso é coisa séria! Isso é coisa verdadeiramente importante. Preás?! Você só pode estar zoando com a minha cara...

A reportagem também contava com aquele quadrinho “Nossa Opinião”, onde a A Gazeta falava indignada sobre o prejuízo que a Petrobrás está tendo com o tal atraso das obras, sobre a briga entre órgãos e empresas públicas e sobre a falta de prioridade com o que é de interesse da sociedade. Interesse da sociedade... Muita gente vai me achar idiota por eu estar aparentemente desconsiderando fatores como capital, empregos e sustento de famílias, mas pra mim é claro como o dia que o mundo só terá jeito quando revermos profundamente quais são os nossos interesses. De preá em preá e de mato em mato é que o aquecimento global enche o papo.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Você não sabe o quanto eu caminhei...


Passos de Anchieta 2007. 10ª edição. 4 dias. 100km muito bem distribuídos. Sol. Terra. Areia fofa. Sol. A partir de hoje sou fã do Padre José de Anchieta. O cara andou, e muito. No 4° dia acordei com um alívio imenso de saber que estava acabando, mas bastaram 10 minutos pra bater uma tristeza imensa de saber que no dia seguinte não teria mais. Não teria mais que acordar antes do sol nascer, nem que preparar mistos pra viagem, nem enrolar os dedos dos pés com esparadrapo, nem fazer alongamento, nem me cobrir de protetor, nem andar, nem a expectativa de chegar a algum lugar, nem andar. Foram só 4 dias, mas a impressão que fica é de que passamos uma semana peregrinando! O litoral é lindo, a natureza é linda, as companhias se mostram verdadeiros companheiros, o povo é acolhedor. O meu joelho ainda não voltou a ser o que era antes, mas eu amo o Espírito Santo mais do que nunca. Dizem que 60% dos andarilhos são de fora. Passei por um casalzinho que conversava em inglês! Passamos também por uma mulher que perguntou o que significava aquele pano azul, branco e rosa escrito TRABALHA E CONFIA. Sempre que temia ir ao chão de exaustão me deparava com sujeitos de 80 anos caminhando à minha frente sem reclamar. Acho que nenhuma distância me vai ser longa demais depois dos Passos. Engarrafamento da Reta da Penha à Fernando Ferrari? Só preciso chegar ao outro lado da 3ª Ponte, depois tudo se resolve! Pelo menos quando me recuperar dessa.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Inconveniente?


Esses dias me peguei meio enjoada desses assuntos de meio ambiente. Sim, meio enjoada. Fiquei tão empolgada com a questão do aquecimento global, mas tão impressionada, que saí lendo e assistindo tudo que achava a respeito. Tive uma verdadeira overdose de crise climática, de catástrofe. Saí tentando convencer as pessoas da gravidade do caso assim como eu havia sido convencida. Saí tentando alertá-las, e para isso praticamente distribuí tapas na cara dos meus eventuais leitores. “Acorda, meu irmão!”. Sim, eu queria que todos acordassem a ponto de fazerem alguma coisa. Fiquei com sede de mudar, mudar tudo. Repensar todo o meu modo de agir e viver. Passar por cima da minha mania de higiene perfeccionista e cronometrar o meu banho. Passar por cima da preguiça mortal e lavar todo saco plástico ou caixa de leite que esvaziava e quase ia pro lixo comum ao invés de pro lixo seco, reciclável. Eu queria mudança. Eu quero mudança.

Não podemos nos dar ao luxo de simplesmente enjoar do assunto. Vamos falar de meio ambiente sim! Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente! Essa é a Semana do Meio Ambiente! Você já escutou isso mais de 10 vezes? Pois eu também. Já se fartou de saber que o vidro demora por volta de 1 milhão de anos pra se decompor e voltar à natureza? Já não agüenta mais que lhe repitam que devemos plantar muitas árvores e andar mais de bicicleta do que de carro? Pois agüente mais um pouco! Vamos repetir, repetir e repetir até que todo mundo não só ouça mas também tome a sua atitude. Nunca quis esbofetear você, querido leitor. Eu gosto de você. Só tenho vontade às vezes de te dar uma sacudidinha, quem sabe... Se nós não fizermos nada, quem fará? Vamos deixar a responsabilidade nas costas dos outros? E que outros? O governo? A galera daquela ONG famosa? Pois quem tem que agir é ninguém menos que eu e você. Ninguém menos que cada cabeça que faz parte desse mundo. Sem você não vai dar certo, acredite.

Não dá mais para usar a preguiça e a falta de tempo como desculpas. Não existem mais desculpas. Sinto aqui em mim que essa é uma causa pela qual vale a pena viver. Pela qual vale a pena morrer. É uma sensação boa essa de que você pode fazer a diferença! Quem diria, meros mortais como nós!... Eu sei que não é absolutamente nada original, mas aí vai (de novo e de novo): se cada um fizer a sua parte podemos salvar o mundo!

Não enjoe do assunto.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Sobre a placa e o que ela realmente implica (ERRATA)




Que falha a minha... No post anterior dei os créditos da obra citada à Prefeitura, mas na verdade o verdadeiro responsável é o Governo do Estado do Espírito Santo.

Fui lá hoje e tive a sorte de topar com um cidadão muito agradável que deu umas informações novas pra mim. Só sei que ele se chama Seu Antônio, mora no ponto final de Terra Vermelha e também achou a construção digna de alguma atenção. Me falou que o prefeito (Max Filho) não se entende muito bem com o governador (Paulo Hartung), que se dependesse do Max não sairia porcaria nenhuma, e que o mesmo vai acabar se aproveitando da situação no final falando que foi coisa dele... Pelo que me contou o esgoto será "encaminhado" um pouco mais pra baixo (estão construindo umas galerias) e em cima dele haverá uma pista. Valeu Seu Antônio! E valeu Seu Governador, já era tempo heim.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Sobre a placa e o que ela implica


“Pense globalmente e atue localmente.” Sábias palavras, John Lennon. Esse é o espírito, meus caros. Temos um exemplo bonito mesmo aqui pertinho (de mim, ao menos). Para a maioria das pessoas o episódio não representou absolutamente nada, mas cabe a cada um julgar.

Todos os dias voltando da escola dava de cara com aquela placa na saída do terminal: “A prefeitura deve as obras do valão tal há 1041 dias.” Tudo bem, isso nem pode ser colocado entre aspas. Mesmo passando por ela de vez em sempre admito que não lembro o nome do valão e nem o tanto de dias que a prefeitura devia a obra. Mas é inegável, a placa estava lá há anos. Difícil algum transeunte dos Transcols da vida não ter reparado nela uma vez que fosse. A contagem dos dias era atualizada eventualmente – os números eram só encaixados. Na falta do que fazer até me divertia anotando a contagem e a data, pra ver de quando em quando eles (seja lá quem eles fossem) trocavam os números e se o faziam certo. Pelos meus cálculos até atrasavam um pouco, sabe... E não quebravam as regras aumentando a quantidade de dias, como o povo desconfiado tem a mania de logo pensar. Nos últimos dias não tenho passado pelo terminal com a mesma freqüência, mas acontece que de uns tempos pra cá apareceram uns operários uniformizados lá do lado, no tal valão, e também umas faixas de isolamento... Eis que sem que eu me desse conta da ligação de uma coisa com a outra começaram as prometidas obras! Que coisa mais bonita! Seja lá quem for que estivesse atualizando as plaquinhas dos números por aqueles mil e cacetada dias, ele(a) conseguiu! E não é qualquer um que teria persistido tanto... Mas ele(a) persistiu, e enfim a prefeitura tomou coragem – ou vergonha na cara – para dar um jeito no valão. Quando chove aquela água ali sobe uma quantidade que só vendo. E não atinge só o povo das redondezas não, atrapalha a mim, a você e a qualquer um que precise se locomover na cidade, seja de ônibus, de carro, de bicicleta ou a pé.

Puxa, o pessoal responsável pela reivindicação deve estar muito orgulhoso. Pode não parecer nada de muito importante, mas eles mudaram muita coisa pra muita gente sim, e isso é louvável. Reclamar e xingar todos os antepassados do prefeito na hora em que Vila Velha fica debaixo d’água é muito fácil, todo mundo faz. Mas ir até o próprio ou ligar para a prefeitura cobrando uma ação concreta... Quase ninguém faz. O nível de facilidade é um pouco menor se comparado com o da outra atitude, mas temos que dizer que é 100% mais eficiente.

Como posso ter a cara de pau de dizer querer mudar o mundo e não ter força suficiente para separar o lixo reciclável na minha própria casa? Como posso ficar sonhando e fazendo planos de ir para a África salvar algumas criancinhas da fome se tem um moleque precisando dessa mesma ajuda bem ali na esquina de onde eu moro e não movo um dedo a respeito?

A solução é pensar globalmente e atuar localmente, meus caros. Uma amiga me alertou isso antes que eu tivesse a oportunidade de ler as palavras do John, e eles sempre estiveram certos. Nem venha me dizendo que eu não posso mudar o mundo não, porque eu posso! Nós podemos. Cada pequena coisa e cada pequeno gesto simplórios na aparência podem fazer toda a diferença. Acho que o mundo seria bem diferente se as pessoas não duvidassem disso.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Cacofonia da Comunicação

Li esse termo no “Manual da Redação”, uma pérola publicada pela Folha de São Paulo. Devo admitir ainda não ter passado nem da vigésima página, mas de cara o que mais me chamou a atenção foi a tal da cacofonia da comunicação.

Houve um tempo em que ter acesso à informação era um privilégio para poucos. Meu avô, a titulo de exemplo, quando comprou sua primeira televisão em cores acabou virando a grande sensação entre os vizinhos. Os tempos mudaram, e como. Hoje já não se reclama mais da falta de comunicação, mas sim do excesso inassimilável dela. A todo segundo são tantas opções de informação vindas de tantos lugares que você passa a acreditar (e temer) que as únicas maneiras de conseguir um descanso sejam se trancar num quarto vazio ou fugir para alguma ilha deserta no Pacífico.

Assim como não dá para ler nessa vida todos os livros que me interessei pelas livrarias e bibliotecas afora até hoje, também não dá para conferir todos os jornais que gostaria, nem todas as revistas, os programas, os sites ou os blogs. São incontáveis, e estão todos aí disputando a nossa atenção, o nosso precioso tempo... Até, digamos, ontem, isso me fazia sentir recuada, ofendida, soterrada.
“Quem eles pensam que são?!”
“Eu não quero saber sua opinião sobre a prisão do prefeito de Camaçari!”
“Mas que diabos esse sujeito tava querendo enfiando a câmera na cara do Russel Crowe assim?! Credo...”.
Em grande parte do tempo a mídia simplesmente me parece odiosa. O que me faz querer ser jornalista então? Aquela frase genial do Centro de Mídia Independente: “Odeia a mídia? Seja a mídia!”.

Mas voltando à cacofonia da comunicação... Contra todas as expectativas, enfim percebi que essa variedade toda não pode ser ruim. Pelo contrário. Com tantas fontes, tantas possibilidades, cada um pode escolher livremente segundo seus interesses e preferências o que buscar, em quê se aprofundar. É justo, e não sufocante afinal.

Este mês comemora-se o Dia das Comunicações Sociais. Admito ainda não saber exatamente quando foi isso, pois cada fonte diz uma coisa diferente (uma das desvantagens de todo mundo agora poder espalhar informações a torto e a direito... até eu). Aproveitando o embalo nessa semana está acontecendo um seminário muito, mas muito legal mesmo em alguns estados:
“A Constituição do Comum – Comunicação e Cultura na Cidade”. Capixabas, alegrem-se! Tem aqui também! Se eu fosse vocês daria uma conferida no site agora mesmo:



Ainda está em tempo de participar, a programação vai até sexta-feira. Nos vemos lá!

terça-feira, 15 de maio de 2007

Um minuto para poesia e conversas de além-túmulo


Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
— Respire.
...........................................................................

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Manoel Bandeira



O que você faria se soubesse que iria morrer dentro de um mês ou dois?
Ou pior: se soubesse que só teria tempo suficiente pra tocar um tango argentino?!

Sonhei com isso esses dias e fiquei me fazendo essa mesma pergunta...
Ainda não soube responder. É difícil imaginar o que é te dizerem que você vai morrer dentro de um tempo estrito, pré-determinado. Não consigo imaginar porque ninguém nunca me disse isso, nenhum médico, nenhuma voz do além, nada parecido.
Todos sabemos que vamos morrer um dia, afinal, "nada é certo nesse mundo, exceto a morte e os impostos", como diria Benjamin Franklin. A única coisa que sabemos é que realmente vamos bater as botas, mais cedo ou mais tarde...
Com essa idéia já estamos mais do que familiarizados, e um "mais cedo ou mais tarde" é bem melhor de se aceitar do que um "dentro de um mês ou dois". Por mais que este "mais cedo ou mais tarde" possa ser amanhã, nós sempre temos a esperança de que será um "mais tarde", e não um cedo demais.

Ainda com 18 anos, na flor da idade, o jovem Manoel Bandeira descobriu que era tuberculoso. Abandonou os estudos e começou a passar temporadas de cidade em cidade, naquelas de clima mais propício ao seu estado de saúde. Sua poesia tem início bem nesse momento em que sua vida mal saía da adolescência e já se via quebrada pela manifestação dessa doença, então fatal.

"Tive de parar os estudos por causa da doença. Não estudei cálculo infinitesimal ou integral e isso me impediu de ler muitas coisas, inclusive a teoria de Einstein. Nas horas de ócio da doença, não me apliquei ao estudo de grego e latim, iniciados no Colégio Pedro II. (...) E, naturalmente, sinto pelos amores frustrados por causa da doença".

Eis que o cara morreu com mais de 80 anos de idade.
A perspectica da morte esteve presente em sua vida inteira. "A vida inteira que podia ter sido e que não foi"... Um sentimento de vazio, de fatalidade, de fim terrível e inevitável. Pra quê, me diz, pra quê? Quantos amores frustados?...
A verdade é que a vida pode acabar amanhã tanto pra mim ou pra você quanto para um sujeito internado lá no hospital. Quem foi que te disse que as chances do sujeito partir são maiores que as suas?...

O que eu faria se soubesse que iria morrer dentro de um mês ou dois? Talvez tentaria realizar os meus sonhos... Cara, que resposta estúpida! Se sei que vou morrer um dia mesmo porque preciso que alguém me diga isso pra ir realizar meus sonhos?! A hora é essa, a vida é essa! Vamos realizar nossos sonhos então! Sem medo de ser feliz, sem medo de ser quem somos! Assim é que devia ser. Não me importo se soa como dicas de livro de auto-ajuda. Sejamos felizes a cada momento! O futuro é uma ilusão, a vida é feita de um monte de agoras. Não deixemos pra amanhã nem depois, sejamos felizes agora! Ihaaaaa!

terça-feira, 8 de maio de 2007

Labuta


Todo dia saio de casa e vejo milhares de pessoas de mochila, fichário e livros na mão. "Que legal", eu penso, "as pessoas estão estudando". Puxa, que legal mesmo, quanta gente está lutando pra cursar uma faculdade, pra concluir seu curso e conseguir um bom emprego. Quanta gente querendo um trabalho bom, na área que gosta, e que pague bem. Quanta gente sonhando poder comprar uma casa, um carro, um conforto...

Assustador. Essas pessoas estão por toda parte, igual formiga, e eu sou uma dessas pessoas!!! Realmente assustador. Conheço uns 10.000 sujeitos que querem ser juízes num futuro próximo. Será que existem 10.000 vagas para juízes? Nesse planeta?... Conheço mais uns 10.000 aspirantes a doutores, professores, jornalistas...
É triste saber que nem todos vão conseguir. É triste e é óbvio.

Assim como eu, você já deve ter escutado um bocado de vezes aquela velha história de que se for muito bom no que faz certamente conseguirá se tornar um profissional de sucesso, e blá blá blá. Tudo bem, não vou dizer que não concordo. Por mais caótico que esteja o mercado de trabalho, acredito que as chances estão lá para quem for bom (ou sortudo...) o suficiente para aproveitar. Mas nada tira o calafrio irrefreável de quando vejo aquele formigueiro de estudantes iguais a mim! Talvez só as palavras do compositor gaúcho Nei Lisboa (que há pouco tempo eu tratei de deixar anotadas num lugar bem visível pra me animar todas as manhãs)...

"Vivemos de paixão / E alguma grana."

Dinheiro é importante, emprego e carreira são importantes, mas não o mais importante afinal. Ufa...

terça-feira, 1 de maio de 2007

Com as próprias mãos

“Na sua frente, um humilde Veterano do Vaudeville, arremessado Vicariamente ao mesmo tempo como Vítima e Vilão pelas Vicissitudes do destino. Essa face, não uma mera aparência de Vaidade, é o Vestígio da Vox populi agora Vaga, desaparecida, uma Vez que a Voz Vital da Verosimilitude que era Venerada acha-se Vilipendiada. Entretanto, essa corajosa Visitação de uma opressão de eras passadas está reViVida e será conquistada por esse Venal, Virulento canalha Vanguardista deformado autotestemunho de Violentos Vícios e Violações Vorazes da Vontade. O único Veredito é Vingança, a Vendetta, contra aquilo que suprimiu a Vontade, não em Vão, porque o Valor e a Veracidade de algo semelhante um dia será reiVindicado pelos Vigilantes e Virtuosos. Realmente, este Vichyssoise da Verbosidade é extremamente loquaz diante de uma introdução, e assim é uma grande honra conhecê-la, pode me chamar V.”



Passei uns dias com esse complexo camarada chamado V. Li o quadrinho e assisti o filme de forma meio alucinada nessa semana que passou. Herói ou vilão? Terrorista ou justiceiro? Você pode julgar e responder com toda a certeza?


Quando o garotinho João Hélio foi arrastado e partido em pedaços pelas ruas do Rio de Janeiro eu, assim como milhões de outros pacíficos cidadãos, tive vontade de arrancar lenta e dolorosamente cada membro do sujeito demoníaco que fez tal crueldade com a criança de 6 anos. Ainda tenho essa vontade amarga aqui no fundo peito, mesmo sendo fã incondicional de Gandhi e sua revolução sem sangue (!). Minha tia fica assustada quando falo essas coisas, e acha que a culpa é de eu estar envolvida demais com essa história que tem "Vingança" no nome. Talvez eu esteja. Mas de coração quero acreditar que a história do V não se trata de vingança, e sim de justiça e liberdade, e sim de um ideal. Não confio na justiça do governo. Na verdade ele perdeu nossa confiança há tempos, ao que parece. Confio na justiça de Deus e sei que o cara que vai ser solto logo logo um dia terá o que merece, mesmo que não seja aqui nesse mundo. Porém, se o governo não faz, o povo acaba fazendo com as próprias mãos. Deus que me perdoe, mas tem dias que a gente está tão indignado que é impossível não achar bonito. Não se assuste tia, eu não vou explodir o parlamento. Pelo menos não por enquanto.

terça-feira, 24 de abril de 2007

O invisível mora ao lado


Ônibus é um lugar propício para acontecerem coisas – digo coisas de todos os tipos. Acho que tenho uma dúzia de episódios de ônibus para contar, desde a vez em que fui arrastada por alguns metros presa na porta traseira até a vez em que um maluco deixou uma “lembrancinha” na minha mochila quando voltava da escola (não se preocupem, eu só vou contar um episódio!). Hoje no ônibus aconteceu uma coisa breve, muito breve, não trágica no mesmo sentido das anteriores, mas que me fez parar pra pensar.

Estava eu sentada - do lado abençoado que pega o solzinho das 13 horas - quando ele chegou. Na verdade quem chegou primeiro, abrindo caminho às pressas pela porta de trás, foi sua bagagem, daquelas típicas de quem ganha a vida no mercado informal. O moço simpático, com um chapeuzinho simpático de crochê, sentou ao meu lado num lugar mais ensolarado ainda, se é que isso é possível.
O assunto começou quando passávamos na frente da nova Igreja Universal. Por coincidência naquele momento um homem tentava (em vão?) pregar a palavra de Deus no ônibus quente.
– Olha o tamanho desse negócio. – disse pra mim o moço de chapeuzinho de crochê.
– Pois é... – eu respondi.
– Parece aqueles templos de antigamente, não?
– O templo de Júlio César... – risadinha chocha.
– Rola muito dinheiro nisso aí.
– Muito.
O moço tinha as mãos machucadas, surradas mesmo pela vida. O papo continuou. Descobri que ele tinha tentado vender suas pulseiras e artesanatos de coquinho num lugar grande (uma associação de artesãos, pelo que pude entender) mas que não tinha conseguido nada.
– Tá vendo a minha mão? As pessoas pensam que é tudo sujeira, mas isso aqui não sai. Eu quebro coquinho o dia todo, isso aqui feio assim é trabalho.
– Puxa vida.
– O mais triste é que a gente foi pra esse lugar maior e não vendeu nada. Faço isso o dia todo e o dinheiro não vem. Em pensar que tem um monte de bandido aí, roubando e ficando cheio da grana...
– Pior que é... E o povo honesto só levando a pior.
– O que é que eu posso fazer, meu Deus? Tenho o certificado de que já fui pedreiro, já fui motorista, já fui isso e aquilo. De que me adianta?? O que é que eu vou fazer da vida? Pros bandidos é tudo mais rápido. Rouba uma TV ali, vende, já recebe...
(Opa. Comecei a pensar que ele estava considerando a idéia)
– Mas Deus tá vendo quem é trabalhador de verdade. – eu rebati. – Uma hora vem a recompensa, não se preocupa.
– É...
Aí ele contou que estava voltando pro lugar de onde veio. Que lá era menorzinho mas que ele vendia alguma coisa. Que as crianças passavam por ele depois da escola, que o seu cachorro podia ir lá fazer uma visita e ir embora pra casa na hora que quisesse, que o self-service era mais barato e que não ia precisar pegar ônibus.
– Ô, que beleza, o senhor vai economizar!
– Vou. Tô indo embora daqui, é o melhor que eu faço.
Quando cheguei ao meu ponto, me despedi e desejei boa sorte.
Fiquei sensibilizada com o coitado do vendedor. Eu uso um anel de coquinho e nunca parei pra pensar no fato de que alguém em algum lugar deve ter esfolado os dedos pra fazer ele. Eu praticamente não falei nada para aquele homem no ônibus, mas ele tinha uma história pra contar. Quantas pessoas passaram por ele todos os dias e o ignoraram por completo? Quantas vezes eu passei por um cara sentado na frente do colégio – e por tantos outros – vendendo brincos e achei que fosse só um vagabundo a mais? Quantas vezes eu não achei nada? Não me lembro do rosto dele. Não sei se tinha família. Não sei se tinha o que comer no jantar. Não sei o que ele queria ser da vida. Não sei.
Às vezes esse não saber dói aqui na consciência. Cansei de fingir que não vejo as pessoas. Cansei de tratá-las como se elas não existissem, de tratá-las como se não estivessem lá – de não tratar.

Se você algum dia topar com o moço simpático de chapeuzinho de crochê tentando lhe vender uns artesanatos, me avisa! Me diz se ele tá com saúde, me diz qual é a cor do cachorro dele, me diz onde ele tá trabalhando, ok?

domingo, 22 de abril de 2007

Testando, 1, 2, 3...

Sim, eu criei um blog!
Aquela vontade louca de escrever voltou, e acho que talvez seja bom a gente começar por algum lugar...

Abrace o mundo (comecemos pelo título)!...
Pode ser que eu esteja imaginando coisas, mas acho que essas palavras expressam um bocado de significados lindos. Os créditos não são meus, e sim da banda capixaba Solana (espero não ser processada por desrespeito aos direitos autorais, rs). O som desses caras é incrível demais, vale a pena conhecer!...
E pra não correr o risco de tirar os créditos de ninguém mesmo, também não posso esquecer de dizer que foi o Davi que me apresentou à banda. Obrigada!...

Aí vai a letra da música:


Solana - Bom Dia
(Juliano Gauche)

Acordou bem cedo e renasceu com o caos:
– Bom dia amor, abrace o mundo
sempre além e nunca mais tão só

Na boca um beijo, hortelã
Uma rosa pro café e um dia inteiro "nós":
– Bom dia amor, abrace o mundo
sempre além e nunca mais tão só

Então me queira e eu volto a ser
um lugar melhor.



Acho que devemos abraçar o mundo todos os dias, cara. Cuidar dele, cuidar de todos os seres que vivem nele, abraçar mesmo! Vivemos aqui. E como dizia Gandhi, tudo o que vive é o nosso próximo. Não sei você, mas eu gosto de pensar assim. Nunca estaremos mais tão só.